Foto: Andréa Lobo/CMT
Ao ser acusado de ter mudado sua opinião quanto a continuidade do contrato entre Governo do Estado e o Consórcio VLT Cuiabá/Várzea Grande, o deputado Wilson Santos (PSDB) se comparou ao apóstolo Paulo – história está na Bíblia, no livro de Atos dos Apóstolos, capítulo 9.
De crítico ferrenho ao grupo de empresas responsável pelas obras do Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT), o tucano se tornou o maior defensor da continuidade do contrato, após assumir a Secretaria de Estado de Cidades (Secid) em novembro do ano passado. Durante este período, ele focou seus trabalhos na busca de uma solução do imbróglio jurídico que a paralisação do modal se tornou.
“A Bíblia traz uma das histórias mais lindas que eu aprecio. A conversão de Saulo para Paulo no caminho de Damasco. Saulo perseguia os cristãos e através da mensagem de Jesus Cristo se transformou num dos principais apóstolos. Saiu da Galiléia e foi para Roma pregar. Foi um dos grandes construtores do Cristianismo no mundo e morreu decapitado”, disse Wilson, justificando a mudança de opinião.
Após deixar a Secid e retornar à Assembleia, Wilson foi duramente criticado pelo deputado Oscar Bezerra (PSB), que defendia a aprovação de um decreto ao relatório da Comissão de Inquérito Parlamentar (CPI), que reforçava a recomendação de suspensão do contrato com o Consórcio VLT.
O relatório da CPI foi aprovado sem tal recomendação, assim como o tucano defendeu. Oscar afirmou que Wilson agia com conveniência e ameaçou divulgar cerca de 20 vídeos gravados durante a instrução, nos quais o colega aparece classificando a implantação do modal como o maior escândalo de corrupção da história do Estado.
“O homem não deve ter compromisso com o erro. Precisa evoluir e eu fecho com Raul Seixas: ‘eu prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo’”, ironizou.
A votação
A Assembleia Legislativa aprovou, no início da tarde desta quarta-feira, o relatório da CPI das Obras da Copa do Mundo, por unanimidade, sem a emenda ao Projeto de Resolução, que reforçava a sugestão de o Executivo suspender o contrato com o Consórcio VLT Cuiabá/Várzea Grande e exigir do grupo de empresas a devolução de R$ 541 milhões aos cofres públicos.
Já se passava das 12h30 quando os parlamentares iniciaram a votação pela aprovação ou não do relatório que apontou irregularidades cometidas nas obras do Veículo Leve Sobre Trilhos. Foram 16 votos favoráveis – oito parlamentares estavam ausentes da sessão.
As obras do VLT devem voltar a partir do mês de maio deste ano e terá prazo para conclusão total de 24 meses. Pelo entendimento com o Consórcio, o Estado vai pagar R$ 922 milhões para a conclusão integral da implantação do modal.
O Consórcio é formado pelas empresas Santa Bárbara, CR Almeida, CAF Brasil Indústria e Comércio, Magna Engenharia Ltda. e Astep Engenharia Ltda.
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