Entidades representantes de profissionais técnicos do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MT) divulgaram nota em resposta às declarações do governador Pedro Taques (PSDB) sobre suposto uso político do órgão para promover o presidente Antônio Joaquim.
As Associação dos Técnicos de Controle Externo (Astecompe), dos Auditores Públicos Externos (Audipe), dos Aposentados e Pensionistas (AAP/TCE) e o Sindicato dos Trabalhadores do Tribunal de Contas (Sinttcontas) disseram que as declarações de Taques “envergonham” as categorias e sugeriram que comportamentos agressivos de gestores públicos podem reforçar ações de mazelas nas contas do Estado.
“Não estamos em um ‘poleiro’, tampouco contribuímos para a formação de uma ‘zona’. Acreditamos que, antes de agir em brigas políticas, os gestores públicos devem avaliar se realmente interessa ao contribuinte que eles dediquem energia e tempo a esse tipo de expediente, reflitam se isso não é uma forma de má utilização dos recursos públicos”, diz trecho de nota divulgada nesta quarta-feira (26).
“Quando o representante do Executivo se manifesta em público da maneira como fez, além de desrespeitar centenas de pessoas que trabalham diariamente com dedicação dentro das prerrogativas constitucionais em benefício do Estado, demonstra um desprezo pelos profissionais que atuam pela transparência que tanto diz venerar”.
Notícias veiculadas na terça-feira (25) na imprensa afirmam que pedido feito pelo Tribunal de Contas de acesso a contas específicas de contribuintes e a posterior denúncia de rejeição pelo Executivo de liberação de dados foram vistas pelo governador Pedro Taques como tentativa de projetar o conselheiro Antônio Joaquim no cenário político. O nome dele é especulado como concorrente ao cargo do governo nas eleições 2018.
O governador teria dito, em grupo de What’sApp, que o tribunal “se permite servir de trampolim (ou seria poleiro?) eleitoral para o seu presidente, autodeclarado candidato, chamar para si holofotes em ações politiqueiras, midiáticas e desprovidas de valor real”.
Taques ainda teria associado a decisão do conselheiro à omissão e “negociata” do TCE referentes a casos sobre corrupção do Poder Público. “Na primeira, permitiu negociatas para venda de cadeiras” do pleno [envolvendo o conselheiro afastado Sérgio Ricardo e ex-governador Blairo Maggi], e “na segunda permitiu negociatas do governo Silval” Barbosa.
Na nota divulgada ontem, as associações e sindicato afirmaram que os servidores do TCE fazem parte do “corpo técnico e primamos pela análise séria e comprometida das informações a que temos acesso. Destacamos ainda que nos compete realizar auditorias sobre dados até mesmo sigilosos, com a garantia da transferência do sigilo e resguardo das informações”.
“Nosso trabalho é atestar que atos e fatos que envolvam recursos estaduais estejam de acordo com a legalidade, legitimidade e eficiência. Temos servidores dedicados e talentosos em nossa instituição e sem eles, sem o Controle Externo, Mato Grosso certamente estaria bem pior”.
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