Foto: Antônio Araujo/Mapa
Cópias de documentos que varam nas redes sociais na noite desta segunda-feira (17) comprovariam os supostos pagamentos de propina da construtora Odebrecht ao ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP).
Caso sejam verdadeiros, os cinco documentos apontam para repasses feitos não só a Maggi, como também aos ao ex-secretário de Fazenda de Mato Grosso, Edmilson dos Santos, ao procurador do Estado João Virgílio Nascimento Sobrinho e ao procurador aposentado Francisco Lima Filho, o “Chico Lima”.
Os documentos divulgados pelo site MidiaNews mostram uma troca de e-mails entre o diretor de contratos da Odebrecht e delator da Operação Lava Jato, Pedro Augusto Carneiro Leão Neto, com outros funcionários da construtora.
Os supostos beneficiários do esquema são chamados apenas por seus codinomes: “Caldo” (Blairo Maggi), “Cofrinho” (Edmilson dos Santos), “Careca” (João Virgílio) e “Manhoso” (Chico Lima). A indicação dos apelidos já foi confirmada pelo próprio delator.
Em um e-mail supostamente enviado em janeiro de 2007, há o detalhamento de possíveis pagamentos que teriam sido realizados entre maio e outubro daquele ano.
No mesmo e-mail, Pedro Leão troca mensagens com uma mulher identificada como Vera Lúcia. Ele determina a mudança nos pagamentos supostamente realizados ao Maggi, que na época estava em seu segundo mandato como governador.
Entre os documentos vazados, há ainda uma planilha com valores de uma suposta dívida do Governo de Mato Grosso com a Odebrecht, além de os respectivos montantes de propina que seriam deduzidos deste total para cada um dos possíveis beneficiários.
Cobrança de propina
Declarações contidas nas delações dos investigados na operação Lava Jato João Antônio Pacífico Ferreira, diretor superintendente para as Áreas Norte, Nordeste e Centro Oeste da Odebrecht, e Pedro Augusto Carneiro Leão Neto, diretor de contratos da construtora, apontam que o ex-secretário de Estado, Eder Moraes, com o conhecimento do então governador, teria exigido R$ 12 milhões para a campanha.
O montante serviria para “propiciar” à construtora o recebimento de dívidas que detinha com o Governo de Mato Grosso por obras realizadas anteriormente.
As delações resultaram no pedido de abertura de inquérito contra Maggi apresentado pelo procurador geral da República (PGR), Rodrigo Janot, e acatado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, relator da Lava Jato.
Nesta terça-feira (18), Maggi afirmou que a acusação de ter recebido dinheiro da Odebrecht para sua campanha não é verdadeira.
“Eu jamais pensei em estar em uma lista dessas, pois nunca tive relação com esse pessoal. Não mandaram dinheiro para minha campanha e nunca autorizei cobrarem dinheiro de ninguém. É uma situação nova e que preciso buscar todos os dados”, afirmou.
Ele disse que aparecer na lista de Janot foi uma surpresa. “[A acusação] não tem materialidade. Eles [delatores] admitem que nunca tiveram contato comigo. Fui pego de surpresa. É uma situação inusitada e muito ruim. Nos desmonta. Estou, absolutamente, derrotado internamente. Preciso fazer um esforço gigante para poder estar de pé”.
Veja os documentos:
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