Foto Eduardo Monteiro
Daniela Amorim – DO ESTADÃO
As condições climáticas favoráveis nos principais centros produtores do País impulsionaram novamente a estimativa para a safra agrícola de 2017. A produção de grãos será ainda mais polpuda do que o estimado anteriormente, segundo o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola de março, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O País deve colher um recorde de 230,3 milhões de toneladas este ano, salto de 25,1% em relação ao resultado de 2016, ou 46,3 milhões de toneladas a mais. O desempenho é ainda 2,7% superior ao previsto em fevereiro, o equivalente a mais 6,1 milhões de toneladas.
As estimativas mais otimistas para as safras de soja e milho impulsionaram as novas previsões. “O clima continua excelente, então o rendimento aumentou muito. As lavouras estão se desenvolvendo de forma muito satisfatória no Centro-Oeste, especialmente em Mato Grosso, mas também no Paraná”, apontou Carlos Barradas, pesquisador da Coordenação de Agropecuária do IBGE.
Em relação à previsão de fevereiro, a safra de milho ganhou mais 3,9 milhões de toneladas, enquanto a safra de soja será 2,5 milhões de toneladas superior à estimada anteriormente. “Choveu na hora certa, teve chuva a cada três dias, com calor intenso”, disse Barradas.
Houve também aumento nas estimativas de produção em relação a fevereiro para cevada, milho, café, arroz, cebola, soja e sorgo. Na comparação com a safra de 2016, a soja terá crescimento de 15,9% na produção, enquanto que para o milho é esperado um salto de 45,8%. Já o arroz terá crescimento de 13,9%.
“Esse aumento muito acentuado em relação ao ano passado tem também relação com a base de comparação, porque a produção agrícola foi muito baixa. O clima não estava ajudando, não choveu”, lembrou Barradas.
Os demais produtos com previsão de crescimento são algodão herbáceo em caroço, amendoim, batata-inglesa, cacau, café, cebola, feijão e sorgo.
Preço. O efeito positivo da supersafra no Produto Interno Bruto (PIB) de 2017, porém, deve ser ofuscado pela recente queda nos preços da soja e do milho, principais commodities que compõem a produção brasileira, segundo avaliação da consultoria MacroSector.
“O desempenho da produção agrícola era bastante positivo até algum tempo atrás, porque tínhamos um volume bom de crescimento da produção agrícola com preços ainda sustentados. Mas, nas últimas semanas, houve baixa considerável de vários preços agrícolas, entre eles milho e soja”, disse Fábio Silveira, economista e sócio da MacroSector.
Mesmo com as boas notícias vindas do campo, a consultoria manteve a projeção de uma alta de apenas 0,3% no PIB brasileiro para este ano.