Política

Servidores podem ficar sem salários em 15 anos se previdência ficar como está

Foto Reprodução

Governadores do Fórum Brasil Central afirmam que se a reforma da previdência não for realizada com urgência nos Estados, os servidores públicos ficarão sem receber os salários em “10 ou 15 anos”. Os chefes dos estados compõem o fórum, reunidos em Cuiabá (MT) na manhã desta sexta-feira (07), também argumentam que os funcionários públicos não entenderam a importância da mudança e que eles deveriam estar apoiando a reforma.

Para o presidente do Fórum, o governador do Estado de Goiás Marconi Perillo, os déficits previdenciários nos estados estão crescendo de forma descontrolada e “acendeu a luz vermelha”. “Nós temos que mudar as regras da previdência e também agirmos de forma dura nos ajustes, nos programas de austeridade ou nós não teremos dinheiro para manter o Estado”, afirmou Perillo.   

Ele ainda afirma que vê as discussões em torno do tema com um tom “emocional” e que deveria ser debatido de forma mais racional. Para Perillo, é um “dever cívico” dos gestores enfrentar essa questão. Ainda diz que não teme enfrentamentos e que prefere perder as próximas eleições a fugir do embate com os servidores contrários à reforma.

Perillo também cobra apoio dos servidores, que seriam os maiores “beneficiados da reforma”, pois os servidores públicos vão ficar após os quatro anos, enquanto os políticos estão temporariamente nos cargos, argumentou. “Se os servidores efetivamente perceberem que o que está em jogo é o futuro deles, devem nos apoiar e pedir que façamos isso [a reforma]”, argumentou Marconi.

Já o anfitrião do evento, o governador do Estado de Mato Grosso Pedro Taques, ressaltou que nada é mais importante nesse momento, do que a reforma previdenciária. Taques afirmou que o Brasil se transformará em uma “Grécia” em pouco tempo, caso medidas enérgicas não sejam tomadas.

Segundo Taques, o debate é preciso, mas deve sair do campo filosófico e concretizar o que vem sendo discutido. O governador de Mato Grosso afirmou também que é preciso afastar o “populismo fiscal” do Brasil e é necessário responsabilidade, “não existe mais isso de jogar para a galera”, disse Taques.

“Nós estamos falando de futuro, para que possamos chegar a longo prazo vivos. Nós precisamos de medidas conjunturais agora, a curto prazo, sob pena de estarmos todos mortos a longo prazo e o Brasil se transformar em uma Grécia em pouco tempo”, afirmou o governador mato-grossense.

“Reforma meia boca”

Presente nos debates da reforma da previdência, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, o atual governador de Rondônia, Confúcio Moura, criticou a retirada dos militares da reforma, que se aposentam com “45 a 47 anos” e afirmou que muitos servidores públicos ficam dependentes do sistema previdenciário por até 120 anos.

“O camarada envelhece, casa de novo, deixa a mulher com uma ‘porrada’ de filhos com pensão. Abandona a mulher, casa de novo com outra. E quando ele estiver na UTI morrendo, ele vai casar com a enfermeira, aí o camarada fica 120 anos na boca da previdência”, vociferou Confúcio, afirmando que não existe país que suporte tantos dependentes.

Ele relata que à época de FHC, votou a favor das reformas e que seu nome foi estampado em diversos outdoors em Rondônia, o retratando como um “traidor do povo” rondoniense e que sua casa foi “pichada por sindicatos”. “Eles falavam que eu nunca mais ia ganhar uma eleição, mas na próxima eleição eu ganhava com mais votos”, afirmou.

O Fórum

Mato Grosso foi sede da segunda reunião do Fórum dos Governadores do Brasil Central deste ano. O objetivo foi discutir os próximos passos que serão dados pelo consórcio, que visa à integração e trabalho conjunto dos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal, Goiás, Tocantins, Rondônia e Maranhão.

Além do governador de Mato Grosso, Pedro Taques, integram o fórum o governador de Goiás e presidente do consórcio, Marconi Perillo; Marcelo Miranda (TO); Confúcio Moura (RO); Rodrigo Rollemberg (DF) e os vice-governadores Carlos Brandão (MA) e Rose Modesto (MS).

Nesta reunião, também participaram o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e o Embaixador da Holanda no Brasil, Johannes Peters.

Felipe Leonel

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