Valquiria Castil
Delator da Operação Imperador, o empresário do ramo de papelarias Elias Abrão Nassarden Júnior, voltou a prestar depoimento à juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital, na tarde desta sexta-feira (31). Ao reafirmar sua participação no esquema que teria fraudado licitações na Assembleia Legislativa, o delator disse que chegou a entregar R$ 250 mil diretamente ao ex-deputado José Riva.
A operação investiga suposto desvio de R$ 61 milhões da Assembleia Legislativa, entre os anos de 2005 e 2009, por meio de um esquema de compras de fachada entre empresas de materiais de papelaria com o Legislativo.
Ao promotor de Justiça Samuel Frungilo, do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), Elias disse que em determinado dia recebeu uma ligação de Riva, o convocando para uma reunião.
“Foi quando eu despachei com Geraldo Riva. Eu levei dinheiro, em torno de 150 a 250 mil", disse o empresário, garantindo que entregou apenas comprimento o ex-parlamentar e entregou o montante.
De acordo com Elias, o grupo de servidores da Assembleia Legislativa ligado ao ex-deputado Riva ficava com 88% do valor das fraudes, enquanto ele lucrava os 12% restantes.
Elias é dono da papelaria Livropel Comércio e Representações e Serviços Ltda. Além disso, conforme o delator, as empresas Hexa Comércio e Serviços de Informática Ltda., Amplo Comércio de Serviços e Representações Ltda., Real Comércio e Serviços Ltda-ME e Servag Representações e Serviços Ltda. – também investigadas na operação – também são dele, mas estão em nome de parentes.
Início em 1998
Em seu depoimento, Elias declarou que a relação comercial com a Assembleia Legislativa teve início em 1998, quando encontrou Riva pela primeira vez. O negócio consistiu na entrega de produtos no valor de R$ 15 mil. Porém, o delator declarou que a licitação foi superfaturada para R$ 39 mil. A diferença do valor teria sido ficado com o grupo de Riva.
"Dos R$ 39 mil só recebi os R$ 15 mil. Ele [Edemar Adams, ex secretário de Finanças da AL] falou pra eu ir falar com o Nivaldo [Araújo]. Ele falou 'você traz a nota e aí eu te passo os R$ 15 mil", disse.