Fotos: William Matos
Com braços cruzados e cabisbaixos, os funcionários da área operacional da Central dos Correios, no Bairro Cristo Rei, em Várzea Grande, no bairro , deflagraram greve nesta terça-feira (28), após perderem o colega de trabalho Celso Luis, 43 anos.
Ao Circuito Mato Grosso, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios de Mato Grosso, Edimar Leite, informou que a greve deve durar até alguém solucionar o problema com os pombos na Central Operacional.
“O setor é imundo. Tem fezes até nos bebedouros. Desde que assumimos o sindicato há quatro anos, viemos notificando a empresa, mandando informativos, ofícios para a presidência. Notificamos a Delegacia Regional do Trabalho, Ministério Público do Trabalho, mas não aconteceu nada”, lamentou.
Segundo Edimar, o diretor regional dos Correios, chegou a responder um dos ofícios informando que havia resolvido o problema de forma paliativa. “Para resolver o problema de forma definitiva como solicitávamos ele disse que não seria possível devido à falta de recursos. Mas em 2016 devolveu para a administração central R$ 2,7 milhões do orçamento que havia no Estado. Então, recurso tinha, só faltou querer cuidar do problema”, criticou.
O servidor Celso morreu no último domingo (26), após passar 15 dias internado no Hospital Santa Rosa em Cuiabá. O servidor dos correios teve morte cerebral confirmada e foi vítima de neurocriptococose, doença contraída por vias respiratórias, ao inalar fungos encontrados em fezes de pombos. Ele era funcionário dos Correios de Várzea Grande há 23 anos.
O sentimento dos colegas é de medo e revolta, de acordo com o presidente. Cerca de 50 servidores estavam reunidos em frente a Central. Caminhões não podiam entrar, pois a entrada estava impedida por um caminhão estacionado pelos funcionários em forma de protesto. A Polícia fazia a segurança do local com viaturas e homens que acompanhavam de longe o movimento.
Centenas de pombos convivem diariamente com os trabalhadores da área operacional e muitos deles já foram “vitimas” das fezes dos animais. “Problemas de servidores doentes nós sempre tivemos, agora que morreu em decorrência a isso não. Estamos todos revoltados e com medo”.
Celso ficava em torno de 10h dentro do prédio. Sua rotina de trabalho começa às 6h da manhã e ele tinha duas horas de almoço, saindo às 18h. Atualmente, a área operacional conta com 150 trabalhadores, responsáveis pela separação e triagem de cartas e encomendas. Com a greve, aproximadamente 50 mil encomendas deixarão de ser entregues.
Solução sem cabimento
De acordo com Edimar Leite, para uma solução “rápida” ao problema, o diretor regional dos correios propôs dedetizar o prédio com os trabalhadores dentro. “Ontem ele propôs dedetizar com os trabalhadores lá dentro para que a produção não parasse”, contou indignado.
O outro lado
Por meio de nota, a Superintendência dos Correios em Mato Grosso falou sobre as ações de prevenção que são desenvolvidas em relação aos pombos. Confira:
"Em relação à internação do empregado dos Correios em Mato Grosso, Celso Luis Gomes, informamos que a empresa tem prestado suporte à família e aos demais empregados e colegas de trabalho.
Em respeito à Legislação Ambiental, os Correios atuam por meio de ações para evitar a infestação de pombos em todas as suas unidades. Essas ações incluem desde proteção com telas em locais de maior vulnerabilidade, instalação de cortinas de borrachas em portas de entrada, repelentes para evitar o pouso dos animais, além da instalação de equipamento sonoro ultrassônico com objetivo de espantar as aves.
As medidas vêm sendo tomadas pela empresa em alinhamento às demandas apontadas pela Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA e têm dado resultado, tanto que nas atas recentes não há registro de reincidência sobre o assunto.
Com relação à unidade onde o empregado Celso Luis Gomes trabalha, além das ações citadas, outras medidas serão desenvolvidas em caráter prioritário, desde a limpeza geral das torres e dos condicionadores de ar doprédio, dedetização da unidade e a realização de exames preventivos nos empregados do setor".