Foto: Willian Matos
Com Cátia Alves
Cerca de 100 famílias estão sendo retiradas pela Polícia Militar de uma área invadida há oito meses na área do Bairro Novo Paraiso, em Cuiabá.
A reintegração de posse teve inicio no início da manhã desta segunda-feira (20) e atende a decisão judicial, em ação movida pela construtora Lumen, proprietária da área.
Não houve tentativa de resistência e a ação da policia, acompanhada por um oficial de Justiça, foi realizada de forma pacifica.
De acordo com moradores do local, a área invadida foi dividida em 700 lotes. Além das 100 famílias que já estão morando no local, outras 350 estavam construindo suas casas.
Os moradores ocuparam apenas 40 hectares da área total do terreno, que é de 190 hectares. Cada família chegou a pagar R$ 40 para a abertura das ruas, R$ 50 para a medição de cada lote e R$ 30 para a instalação de energia, de forma clandestina.
O presidente da Associação Terra Prometida, Antônio Lemes explicou que a área foi ocupada por moradores da região, que por não terem condições de pagar aluguel e desesperados com a situação de desemprego resolveram montar seus barracos sobre a área de 190 hectares.
“Infelizmente a gente foi surpreendido por uma decisão. A empresa Lumen Construtora afirma ter posse dos terrenos e fez um dossiê muito bem feito entregue ao Fórum. A juíza substituta deu a liminar para sermos despejados”, contou.
De acordo com o presidente, a área na verdade pertence ao Governo e a situação já está sendo acompanhada por um advogado conhecido das famílias. “Eu acho que o governo do Estado através dos seus secretários, não vai deixar que uma empresa fique com uma área que a gente sabe que é do Estado. A gente pode até não ficar na área, mas que ela não fique com uma empresa também”.
Assistentes sociais da prefeitura de Cuiabá foram até o local, mas segundo Lemes permaneceram no local por cerca de 40 minutos. “Não fizeram cadastros, nada, apenas disseram que a assistência social da Prefeitura não estava preparada para receber esse pessoal”.
Grávida de cinco meses, com o marido desempregado e um filho de colo, de 1 ano e 7 meses, Lizete Alves de Almeida de 27 anos, vive apenas com R$124, do programa Bolsa Família. O barraco foi levantando com doações recebidas através da igreja que participa. Sem ter para onde ir, ela se desespera.
“Faz cinco meses que estamos aqui. Construímos a casa com material do pastor, tudo doado. Nós só temos um bico de energia e uma tomada. Não temos para onde ir, não temos parente. Era pra eu estar indo fazer meu pré-natal e estou aqui sendo despejada”, lamentou a Lizete.
Em tratamento, Lizete diz que toma remédio controlado por já ter morado na rua e ter sido usuária de drogas. “Graças a Deus consegui tratamento. Mas e agora vou pra rua com meu filho? Porque não temos pra onde ir. A assistente social veio aqui e disse que não tem o que fazer, não tem casa, não tem nada pra por nós. Aí como que a gente vai morar, de baixo da ponte?”, indagou a mulher.
Veja fotos da desapropriação: