O presidente da Fundação Luverdense de Saúde, que administra o hospital filantrópico São Lucas, Nelso Bordignon, disse que o pedido de retirada da farmacêutica Fernanda Dotto da gestão da unidade teve origem em cortes realizados para reajuste dos gastos, devido ao atraso no repasses de verba pela Prefeitura de Lucas do Rio Verde (334 km de Cuiabá), desde que o prefeito Luiz Binotti (PSD) assumiu a gestão da cidade.
Bordignon afirmou ao Circuito Mato Grosso que o montante em atraso chegou a R$ 1,5 milhão, referente a serviços prestados a pacientes do SUS em janeiro, fevereiro e a primeira quinzena de março deste ano. A dívida global do hospital, por déficit no orçamento, está em R$ 3 milhões.
“Assim como outros hospitais filantrópicos em Mato Grosso, nós também estamos com dificuldades financeiras por baixa arrecadação de verba para custear as despesas. O atraso dos repasses agravou a situação”, declarou.
Uma suposta negociação entre a Prefeitura de Lucas do Rio Verde e a Associação Médica Luverdense (Ameluv) foi relevada por meio de vazamento de áudio, nesta quinta-feira (16), em que um representante da entidade convoca médicos associados a pressionar a prefeito Bidotti para demissão de Fernanda Dotto.
Para contrapor a acatamento do pedido, Ameluv teria oferecido 1,5 mil consultas grátis para a população de Lucas. O presidente da federação poderou que não tem conhecimento de uma possível negociação para tal demissão.
“Não digo que não exista alguma outra coisa sobre o pedido de saída feito pela Ameluv, mas do que sei falar é a pressão que o hospital sofreu por causa da baixa arrecadação para financiar os atendimentos. Para reajustar o orçamento, foram cortadas consultas, exames, cirurgias e os médicos estão com salários atrasados. Foi um aperto necessário para não fechar as portas”, explicou Bordignon.
O hospital São Lucas tem atendimento mensal de cinco mil pacientes, e 60% desse número são de pessoas que dão entrada pelo SUS. Conforme Bordignon, outro fator que pesa para a permanência do déficit orçamentário é a defasagem de tabelas de preços de serviços pagos para SUS.
Ainda conforme Bordignon, apenas na segunda-feira (13), o prefeito Bidotti assinou contrato para a transferência de R$ 1,8 milhão para cobrir o débito com o hospital. O dinheiro será repassado em quatro parcelas mensais, a primeira com prazo para depósito na próxima semana.
Greve
Diante dos atrasos de salários e outros problemas, os médicos que atuam no hospital pretendem paralisar os serviços, caso as reinvindicações contra a gestão não sejam atendidas.
“O documento foi entregue e no dia 20, se não for trocada a gestão do Hospital, se os médicos não forem pagos – pois tem salários atrasados de cinco meses -, e se não for feito contrato de trabalho, haverá uma paralisação dos médicos do hospital. O Sindicato dos Médicos de Mato Grosso já está ciente e nos orientou”, declarou o presidente da Ameluv, Evandro Martins.
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