Por G1, Foto: Fabrício Vitorino, Acesse a matéria AQUI
Era só um boato de internet. “Não tem nada de South by Southwest para o Brasil”, diz ao G1 Tracy Mann, uma das responsáveis pelo marketing do festival de tendências que acontece em Austin, nos Estados Unidos. Em excelente português e sem economia de sorriso, ela explicou que o rumor sobre uma edição do evento em Minas Gerais não passou de um boato. “Não achamos que somos capazes de fazer o South by em outros países”, explica.
A americana, que vive em Nova York mas tem um conhecimento surpreendente do Brasil, recebeu o G1 no estande do Brasil do festival. Falou de tudo: até das irritantes filas e das salas lotadas, que assombram os mais de 140 mil participantes dos 10 dias de evento.
Mann diz que a organização ficou preocupada, mas encarou de forma positiva. “Nenhuma publicidade é publicidade ruim. Se gera uma conversa, uma curiosidade, não faz mal. Quando fazem alguma coisa em outro país, inspirado por nós, ficamos muito felizes”, garante.
Mann incentivou alguns eventos no Brasil, inspirados no South by Southwest, para tentar começar um relacionamento novo com a indústria musical do Brasil. Ela quer trazer mais artistas relevantes brasileiros para o festival. “Não só os artistas são importantes para nós, americanos. Falta a música nova. Ainda temos muito na cabeça as coisas como bossa nova. Falta saber o que está acontecendo atualmente”, diz. Por isso, nomes como Liniker e os Caramelows, Boogarins, Capela, Lista de Lily, Maglore, ToTi e FingerFingerr vão estar em Austin.
A vontade de mostrar um Brasil diferente, além dos estereótipos, em um festival sobre tendências culturais que vão imperar no ano, é confirmada pela “invasão brasileira”.
'Brasileiro testa tudo'
“O brasileiro é muito early adopter, quer fazer tudo antes, testar tudo”, brinca Tracy. “Mas eles achavam que o brasileiro não saberia por si navegar esse evento. E o interesse deles é que, ao menos, o brasileiro consiga negócios em vista”, explica.
Por isso, Tracy conta que o interesse do South by Southwest não é na quantidade, mas sim na qualidade de visitantes. “É para os diretores criativos, produtores, empresários, agências, gente do mercado cultural e tecnologia. Os profissionais desses setores são as pessoas que estão aqui”.
Ela mantém o tom preocupado ao falar das instabilidades no Brasil e nos Estados Unidos. Sobre Donald Trump, ela diz que a organização montou uma força-tarefa de advogados, temendo que algum participante pudesse ficar preso na alfândega. “Felizmente, tivemos um só caso. Mas ainda estamos em alerta”. Sobre a crise brasileira, ela diz que a delegação recorde foi uma surpresa. “Achava que os brasileiros fossem ficar quietinhos em 2017, mas foi o contrário”.
E nem os pequenos problemas do festival afetam o humor de Mann. O South by Southwest tem a (má) fama de muitas filas e eventos lotados. Mas ela garante que os diretores olham isso de perto e tentam melhorar. “Temos tecnologia para isso e já fizemos algumas mudanças esse ano. Vamos tentar trazer as inovações do Music, onde as pessoas já sabem pelo app sobre filas ou salas lotadas, para todo o festival. Os diretores olham isso muito de perto”, garante.
Tracy diz ainda que o festival está de olho em novas tendências. Empoderamento feminino, Games, VR, educação: tudo isso está na lista do South by Southwest. E deve ganhar ainda mais espaço em 2018. O que deve fazer o evento ficar ainda maior. Mas sem virar um “monstro”. “Não precisa crescer tanto. Pode crescer um pouco mais, mas é mais importante que venham as pessoas certas”, diz, voltando com o sorriso tipicamente brasileiro, mas com sotaque americano. Exatamente como o South by Southwest em 2017.