Fotos: Cátia Alves
A demanda era grande e necessária. Produtores de soja e milho em Mato Grosso solicitavam um estudo com experimentos em solos de textura leve e média, conhecido como arenoso, para saber os desafios e possibilidades de cultivo. Cerca de 1,5 milhões de hectares, dos 9,4 milhões plantados no Estado, estão em solo arenoso.
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Em uma parceria firmada entre a Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso (Aprosoja) e a Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT), uma pesquisa para desenvolver estratégias e alternativas de manejo, está em curso há um ano no Centro de Aprendizagem e Difusão (CAD) na Fazenda Vô Arnoldo – Agro Luz, no município de Campo Novo do Parecis (417,6 km de Cuiabá).
O CAD do Parecis é um projeto inovador, em estágio inicial, que conta com 14 cultivares diferentes espalhadas pela área, que estão sendo testados em condições diversas. Os pesquisadores da Fundação MT, procuram respostas para o cultivo das espécies e o uso e quantidade de substâncias usadas para inibir a incidências de pragas e doenças.
A pesquisa toda é feita com base nos questionamentos dos próprios produtores que oferecem os problemas enfrentados em suas propriedades para os pesquisadores. O estudo está sendo feito em cinco setores: Nematologia, Entomologia, Manejo de Solos, Fitopatologia e Herbologia, e Soja Livre.
No último dia 17 de fevereiro, produtores da região se reuniram para conhecer a estação de pesquisa exclusiva para associados da Aprosoja. Os agricultores conheceram os experimentos feitos em 88 hectares de soja plantados em solo arenoso. Eles conferiram os resultados obtidos para minimizar os custos da produção e alternativas para o controle de pragas e doenças como a mosca branca, os nematoides, a ferrugem asiática e outros.
O pesquisador da Fundação MT, Leandro Zancanaro, pontua que toda propriedade de modo geral tem uma parte de solo frágil e que não existe um solo ideal. “O que existe é: cada solo tem a sua aptidão, esta apto a esse sistema. O grande desafio do Mato Grosso hoje é respeitar a aptidão de cada ambiente”.
Um dos grandes desafios enfrentados pelos pesquisadores é o ambiente. Segundo Zancanaro o estudo dentro de um laboratório é mais fácil que fora dele. “A pesquisa é um grande desafio, pois o ambiente é de risco, é mais fácil perder experimento neste caso, uma lagarta fazer um estrago maior, por exemplo. Mas essa é a realidade do produtor”, justificou.
O presidente da Aprosoja, Endrigo Dalcin relata que as pesquisas realizadas e às vezes nem disponibilizadas para os produtores são focadas na parte comercial, do resultado do produto, inseticida e não mais que isso.
“Nós precisamos muito mais que isso. Precisamos melhorar o nosso manejo do sistema produtivo. A parceria com a Fundação MT e a concretização do CAD vem justamente ao encontro de demandas dos produtores”, comentou Dalcin.
Foram investidos R$ 2,5 milhões da Aprosoja para a realização da pesquisa, que será implantado futuramente em outras regiões, como o Vale do Araguaia. Segundo o Presidente da Aprosoja, Endrigo Dalcin a produtividade do Estado está estagnada há 15 anos e a demanda do produtor vem a calhar com a necessidade do aumento dessa produção.
O comitê gestor do CAD é composto por membros da diretoria e do corpo técnico da Aprosoja, pelos fitopatologistas da Fundação MT – capitaneados pelo professor Leandro Zancanaro – e pelos presidentes das duas instituições.
*A reportagem viajou para conhecer o CAD em Campo Novo do Parecis a convite da Arpsoja-MT.
