Foto: Ahmad Jarrah
A juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital, negou pedido do empresário Valdir Piran e manteve a medida cautelar que o obriga a usar uma tornozeleira eletrônica. A decisão da magistrada foi proferida na segunda-feira (20).
Valdir Piran foi preso preventivamente em Brasília (DF) no final do mês de setembro do ano passado, durante a 4ª fase da Operação Sodoma. Em outubro, após pagar uma fiança de R$ 12 milhões, ele foi colocado em liberdade. O empresário é investigado por suposta participação em esquema que teria desviado pelo menos R$ 15,8 milhões dos cofres públicos, por meio de pagamento a desapropriação de um terreno do bairro Jardim Liberdade, em Cuiabá.
No pedido, a defesa do empresário do ramo de factoring, além de rassaltar a conduta colaborativa do réu, também alegou que o monitoramento eletrônico estaria atrapalhando a vida profissional de Piran.
“O réu não tem intenção de interferir na instrução probatória se aproximando ou coagindo testemunhas, tampouco de frequentar qualquer órgão público relacionado aos fatos. o monitoramento estaria interferindo no desempenho da atividade profissional exercida pelo acusado, já que precisa realizar constantes viagens entre diversos Estados brasileiros”, argumentou a defesa.
O Ministério Público Estadual (MPE) se manifestou quanto ao pedido do empresário e argumentou que o monitoramento deveria continuar, uma vez que as investigações ainda estão em continuídade e que Piran pode acabar por atrapalhar.
Em sua decisão, Selma seguiu o entendimento do MPE e disse não vislumbrar nenhum "prejuízo ou constrangimento" ao empresário, por conta do uso da tornozeleira eletrônica em suas atividades profissionais. A magistrada ressaltou que tem conhecimento sobre as frequentes viagens realizadas pelo réu para São Paulo e Brasília.
“Inobstante as razões deduzidas pela defesa, não demonstrou de forma cabal quais prejuízos as medidas impostas ao réu acarretam para o regular exercício de suas atividades profissionais, já que poderá trabalhar mesmo estando monitorado”, indeferiu Selma Arruda.
Outro lado
Em nota a assessoria de imprensa do Valdir Piran afirmou que o empresário confia na Poder Judiciário de Mato Grosso e reforçou ainda que manterá a postura de colaboração com a Justiça para que o caso seja resolvido.
Sobre o envolvimento no esquema da Operação Sodoma, a assessoria ressalta que Valdir Piran não integrou a suposta organização criminosa e nem teve cenexão direta comos fatos apurados.
Sodoma 4
A 4ª fase da Operação Sodoma foi deflagrada no dia 26 de setembro, onde uma nova prisão preventiva contra Cursi foi decretada pela juíza titular da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Selma Rosane Santos Arruda.
O foco da Operação Sodoma é o desvio de dinheiro público realizado através de uma das três desapropriações milionárias pagas pelo governo Silval Barbosa, durante o ano de 2014. Os trabalhos de investigações iniciaram há mais de um ano.
O alvo das investigações nesta fase da Sodoma foi um esquema de cobrança de R$ 15,8 milhões envolvendo a desapropriação de uma área de 55 hectares situada no bairro Jardim Liberdade em Cuiabá que custou aos cofres públicos o valor aproximado de R$ 31 milhões. O imóvel estava avaliado em R$ 17,8 milhões.
Do total supostamente desviado, o ex-governador Silval Barbosa (PMDB) teria lucrado R$ 10 milhões e repassado o dinheiro a Piran por meio da empresa SF Assessoria, do empresário e delator Filinto Muller, como pagamento de uma dívida de campanha eleitoral.
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