Líderes indígenas criticaram a nomeação do engenheiro florestal Ercio de Arruda Lins para direção da do Departamento de Atenção Especializada e Temática, vinculada à Secretaria Especial de Atenção à Saúde Indígena (Sesai), do Ministério da Saúde. Eles questionam a habilitação do indicado pelo deputado federal Valtenir Pereira (PMDB) para exercer o cargo.
“O que um engenheiro florestal entende sobre saúde, sobretudo da saúde indígena? Nada. A nomeação é puramente política por interesse de outros que não são o fortalecimento da saúde indígena. O nomeado não tem nenhum trabalho, nenhuma experiência, nenhum perfil para trabalhar na saúde”, diz Willian Domingues, representante de povos de Altamira.
Outro líder diz que a nomeação do engenheiro vai paralisar a execução de projetos para aprimoramento do atendimento à saúde dos indígenas devido à falta de experiência do engenheiro florestal em lidar com questões clínicas.
“O orçamento da saúde ainda não foi aberto este ano e até o novo nomeado começar a pegar o jeito de lidar com as questões de saúde indígena vai levar de cinco a seis meses, e aí todo o ano de 2017 já terá passado, sem nenhuma melhora do atendimento aos indígenas”, pondera.
Willian Domingues, mais enérgico em sua declaração, afirmou que o Valtenir Pereira pode ter confrontamento com povos indígenas por causa da indicação. “Nomear um engenheiro florestal para cuidar da saúde indígena é procurar guerra com os povos indígenas, deputado. Tenha o bom senso de não fazer uma idiotice dessas”, disse Chiquinho, presidente da Coordenação Interior Sul (SC).
A nomeação de Ércio de Arruda Lins foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) nesta segunda-feira (20) em lugar de Maria Inez Pordeus Gadelha. Ele foi assessor parlamentar do deputado Valtenir Pereira, cargo que lhe rendeu indicação para a Superintendência Federal de Pesca e Agricultura em Mato Grosso, em 2015, também por indicação do deputado.
Ele exerce o cargo de diretor no Departamento de Atenção Especializada e Temática em conjunto com Fernando Machado de Araújo, cuja lotação foi publicada na mesma portaria.
A reportagem tentou entrar em contato com o deputado federal Valtenir Pereira via telefone, mas não foi atendida até o fechamento desta matéria.
Indígenas de todo o Brasil reagiram às mudanças que o presidente Michel Temer (PMDB) vem fazendo no Sesai. O primeiro a ser exonerado foi o mato-grossense Rodrigo Rodrigues, que ocupava o cargo de secretário especial de Saúde Indígena. Em seu lugar, Temer nomeou Marco Antônio Toccolini.