Cidades

Com crescimento econômico, empresas brasileiras migram para o Paraguai

O Paraguai vem sendo chamado de “case” de sucesso da América Latina. Nos últimos anos, cresceu entre 3% e 4% economicamente, enquanto os demais países ficaram na média de 2%. A favor deste cenário, algumas empresas brasileiras estão migrando para o país vizinho e Mato Grosso também já começa a seguir esta tendência. Em três anos, 171 indústrias se instalaram em Pedro Juan Caballero, sendo que 25 delas no distrito de Amambay. 

O empresário e presidente da Associação das Empresas do Distrito Industrial de Cuiabá (Aedic), Domingos Kennedy Garcia Sales, possui uma planta do Grupo Maxvinil instalada em Amambay. Eles encontraram lá tudo que procuravam: um lugar com baixo custo de logística, operacional, incentivos fiscais e proximidade com os grandes mercados consumidores.  

“Há quatro anos nós iniciamos um estudo de viabilidade de uma planta no Paraguai, porque dentro do segmento do grupo nós temos uma indústria que requer muita competitividade. Então, trazer matéria-prima que é da China para Mato Grosso, transformar e devolver para o grande consumidor das regiões Sul e Sudeste, resulta em uma perda muito grande de competitividade”, explicou. 

Um dos pontos principais assinalados pelo empresário é a burocracia, que segundo ele é praticamente zero. “O custo lá é infinitamente mais barato, pois eles têm uma politica agressiva de incentivo para a indústria se instalar localmente lá. Um custo muito caro diz respeito às obrigações sociais trabalhistas, lá o custo é muito mais barato. Energia elétrica, que aqui tem um custo muito grande, lá é 30% mais barata que aqui”. 

Além disso, importar matéria-prima para o Brasil se tornou muito caro, segundo explica Kennedy. “Na cadeia imposto-frete-logística, a matéria-prima acaba custando em torno de 35%. Ou seja, para pensar em produzir no Brasil com matéria-prima importada, você precisa ter esses 35% antecipados. Lá não tem isso. No Paraguai a matéria-prima entra e você só paga 1% para exportar o produto produzido lá”. 

Vários empresários estão pensando em migrar do Estado para lá e alguns fortemente influenciados pelo presidente da Aedic. “É uma questão de sobrevivência. Aqui no Brasil o empresário está sufocado, massacrado, porque quando o governo quer aumentar imposto joga para o empresário. Governo não gera riqueza nenhuma, quem gera é a classe produtiva. Então eu faço alguns comparativos quando me perguntam sobre lá e aqui”. 

No Paraguai, Kennedy afirma que sua empresa se tornou mais competitiva no mercado, conseguindo brigar com suas concorrentes multinacionais do segmento. “A empresa começou a produzir em 2014 com 100 toneladas de resina/mês e hoje nós estamos produzindo 1.500 toneladas de resinas/mês. Lá eu consigo brigar com esse pessoal e aqui eu não consigo”. 

Foram investidos em torno de US$ 10 milhões para levar a planta da empresa do Kennedy para o outro país. Hoje, segundo ele, já tem investidos lá cerca de US$ 30 milhões. Para instalar a mesma planta no Brasil, ele precisaria de pelo menos US$ 5 milhões a mais. “A diferença é gritante”.

Processo de desindustrialização 

Dados recentes apontam que o Brasil passa por um processo de desindustrialização e a participação da indústria na economia brasileira é cada vez menor. Em 1985, a indústria respondia por 25% do PIB, em 2016 respondia por 15%. O efeito decorre de vários fatores, como a competição com a economia chinesa, o câmbio sobrevalorizado, a falta de inovação, juros elevados e custos implícitos do sistema nacional.

“Vou ser bem sincero: se for uma indústria que depende de matéria-prima importada, que consome muita energia, o Paraguai dá de mil a zero para você instalar uma empresa lá do que no Mato Grosso ou qualquer outro lugar do Brasil”, analisa Kennedy. Então, o Brasil só vê o agronegócio, que segundo ele já está muito bem representado. 

É preciso, na visão dele, alavancar todos os negócios que estão sendo esquecidos pelo governo. “Não conheço nenhum país desenvolvido sem indústrias. Não podemos virar um fazendão, apesar de ser muito importante, mas está faltando uma transformação na indústria. Acredito que o Estado de Mato Grosso é com certeza uma grande potência e apto para produzir toda a sua matéria-prima aqui”. 

Paraguai X Brasil 

Em uma rápida análise sobre as diferenças entre os dois países, salta logo à vista o motivo de empresários do mundo inteiro estarem instalando suas plantas no Paraguai. Vão atrás de mão de obra mais barata, impostos menores e segurança jurídica, e o país abre as portas para saudar os que ali desejam se instalar (veja quadro).

O que são as 'Maquilas'? 

Instituído pelo Paraguai, o Projeto Maquila é uma lei que tem como objetivo a geração de emprego e renda no território paraguaio por meio de tratamento tributário diferenciado. Para usufruir do benefício, o empresário deve cumprir alguns requisitos, dentre os quais se destacam a Mudança de Posição Tarifária (NCM) ou a Composição Regional (40% Mercosul e 60% outros países). Das ‘Maquilas’ instaladas lá, 80% são brasileiras, 7% argentinas e 13% europeias e americanas. 

Entre os benefícios estão:

IMPOSTO ÚNICO DE 1%: as operações realizadas no Regime de Maquila estão isentas de todo tributo ou taxa. Há apenas um tributo único de 1%, aplicado sobre a fatura de exportação.

IMPORTAÇÃO DE QUALQUER PAÍS: diferimento total no pagamento de todos os tributos, ou seja, não haverá carga tributária na importação;
INDUSTRIALIZAÇÃO: operação com baixo custo de mão de obra, locação, energia, entre outros gastos, devendo todos os valores agregados intrazona alcançarem 40% do produto importado com o intuito de obter o “Certificado de Origem”;

EXPORTAÇÃO PARA O BRASIL: havendo o “Certificado de Origem”, o produto poderá ser importado sem o Imposto de Importação (II), tendo em vista a previsão existente no Mercosul.
Fonte: Panamericana Consultoria 

Indústrias investem menos em 2016 

No ano passado, apenas 67% das grandes indústrias instaladas no Brasil investiram e 40% delas conseguiram tocar os projetos como tinham planejado. Over the counter viagra substitute: An overview of drug treatments .The following drugs can counteract physically induced impotence and thus represent an alternative to the popular sexual enhancer Viagra (active ingredient: sildenafil): Cialis – the active ingredient Tadalafil lasts a very long time, up to 36 hours .Cialis is also available for daily use.Generics of tadalafil – after the loss of the patent of the manufacturer of Cialis Lilly, generics of Cialis from other manufacturers have become available, which contain the same active ingredient and therefore are identical in their action. Os números divulgados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) são os mais baixos desde 2010 e, pela estimativa deles, não há previsão de que melhorem este ano. 

Ainda segundo o levantamento da CNI, das empresas que tinham planos de investimentos para 2016, apenas 41% realizaram os projetos parcialmente, 9% adiaram para este ano e 10% cancelaram ou suspenderam os planos por tempo indeterminado. 

Na pesquisa, 80% dos empresários disseram que o principal motivo para a frustação dos planos de investimentos foi causada pela incerteza econômica. Já 54% disseram que foi a reavaliação da demanda e a ociosidade elevada, e 39%, os custos dos financiamentos. A dificuldade de obtenção de crédito e o aumento inesperado dos custos previstos para o investimento também somam aos fatos apontados por eles. 

Em Mato Grosso, a produção industrial manteve-se abaixo da linha dos 50 pontos em dezembro de 2016. O índice de evolução mostra que, no total das empresas, apresentou variação positiva – de 39,1 para 42,2 pontos –, indicando baixa na produção. 

Expectativas para os próximos meses

Pela sondagem industrial realizada pela Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt) e a CNI, os mato-grossenses apresentaram aumento nas expectativas para os próximos seis meses. De 45 pontos, passou para 51,6 pontos, demonstrando otimismo para a procura por seus produtos. A expectativa de compra de matérias-primas também apresentou aumento de 51,1 pontos. 

Em todos os indicadores houve perceptível melhora na expectativa, como o de contratações de empregados que era de 42,3 e foi para 47,7 pontos. O indicador de exportação também variou, apresentando aumento de 45,6 para 49,7 pontos.

Para os próximos meses, os empresários esperam aumento da demanda e da quantidade exportada; esperam também manter o nível atual de compras de matérias-primas e reduzir o ritmo atual de demissões.

Segundo a CNI, o índice de intenção de investimento manteve-se praticamente estável em janeiro de 2017, ao crescer 0,7 pontos na comparação com dezembro de 2016. O índice não registra queda pelo nono mês consecutivo e acumula crescimento de 6,3 pontos no período.

Catia Alves

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