Morte em Cariacica, no Espírito Santo (Foto: Bernardo Coutinho/A Gazeta)
De cor parda e morador da Grande Vitória, Julio dos Reis tinha 17 anos quando foi morto a pauladas no bairro Vila Prudência, em Cariacica, no dia 8 de fevereiro de 2016. Júlio representa o perfil da maioria dos mortos na onda de violência que tomou conta do Espírito Santo nos últimos dias.
Em 10 dias, o Espírito Santo registrou 147 mortes violentas, segundo o Sindicato de Policiais Civis (Sindipol). O G1 teve acesso ao balanço detalhado dessas mortes, ocorridas entre o dia 4 de fevereiro até as 10h da segunda-feira (13). Segundo o governo do estado, neste mesmo período, foram 143 homicídios.
Nesta quinta-feira (16), o número de mortes desde o dia 4 já chegava a 158, até as 10h. No mesmo período, foram 53 mortes.
A maioria das mortes registradas nesses 10 primeiros dias de crise na segurança pública são de jovens, com idades entre 15 e 29 anos, e pardos.
Dos 147 mortos, 81 são pardos (55,1%), 22 são negros (14,9%) e 19 brancos (12,9%). Desse número, há ainda vítimas que não tiveram a cor identificada, que somam 25 mortos.
De acordo com a Pesquisa Nacional por amostra de Domicílio (Pnad) de 2011, feita pelo IBGE, 48,9% da população do Espírito Santo se declarou parda, enquanto 8,9% se declarou preta.
Já em relação à idade das pessoas que sofreram mortes violentas no período, a maioria é de jovens com idades entre 15 e 29 anos. Juntos, eles representam 53% do total.
Desses jovens, 11 são brancos (14,1%), 17 negros (21,7%), 40 pardos (51,2%) e 10 não foram identificados (12,8%).
O número de mortes entre adultos, de 30 a 69 anos, foi de 44. Eles representam 29% do total. Há ainda 24 pessoas que não tiveram a idade identificada; essas somam 24 mortes.
Mulheres e homens
Pela divisão entre sexos dos mortos, o maior número foi registrado entre os homens. Eles representam 92,5% do total. As mulheres representam 7,5%.
Entre os jovens, 4 são mulheres (5,1%) e 74 são homens (94,9%).
Arma de fogo
Das mortes registradas nesses 10 dias, 88% foram por arma de fogo. Outros 6,8% por arma branca.
Já entre os jovens de 15 a 29 anos, um morreu por espancamento, 74 por disparos de arma de fogo (94%) e dois de arma branca (2,5%). Há ainda uma morte sem a definição de qual foi o meio usado pelo autor do homicídio para cometer o crime.
Motivo da crise
O Espírito Santo ficou sem polícia militar nas ruas por sete dias por causa do protesto de familiares na porta de batalhões. O policial militar não pode fazer greve porque é proibido pela constituição. Nas ocupações, as mulheres alegam que são elas que estão no comando da paralisação. Mas, para as autoridades, essa é uma tentativa de encobrir o que, supostamente, seria um motim dos PMs
Fonte: G1