Política

Lúdio garante que dívida de campanha não foi paga com propina

Imagens: Willian Matos

O ex-vereador Lúdio Cabral (PT) garantiu, no início da tarde desta terça-feira (14), que as dívidas de sua campanha para prefeito de Cuiabá (MT), em 2012, foram quitados com recursos do Diretório Nacional do seu partido e não com dinheiro de propina. Lúdio prestou depoimento, ainda pela manhã, na Delegacia de Crimes contra a Fazenda Pública (Defaz) após ser deflagrada a 5ª fase da Operação Sodoma.

"Essa denúncia não tem lógica. Seria impossível gastar todo esse dinheiro com combustível durante uma campanha para prefeito", observou, referindo-se ao valor de R$ 1,7 milhão que teria sido repassado pela empresa Marmeleiro, fornecedora de combustível, para o Governo de Silval Barbosa, a título de propina para quitação de dívida de campanha.

Lúdio, que informou ter comparecido à Defaz na condição de informante, frisou que todos os depoimentos da Operação Sodoma não envolvem seu nome em nenhum tipo de crime. "Há citações de dívidas da campanha de uma empresa que é objeto de investigação, dívidas que foram declaradas e posteriormente quitadas de forma documentada".

A totalidade do custo de sua campanha de 2012 teria envolvido a soma de R$ 2,3 milhões. "Logo após a campanha, levantamos toda essa dívida, contatamos todos os credores. Há um procedimento que a Justiça Eleitoral exige que é a assunção da dívida e esses pagamentos foram feitos com recursos oriundos do nosso diretório nacional", concluiu.

Lúdio Cabral teve Francisco Faiad (PMDB) como seu candidato a vice na disputada pela Prefeitura de Cuiabá em 2012, campanha que contou com o apoio do também peemedebista Silval Barbosa, então governador de Mato Grosso. Silval, que está preso, responde a vários processo também por desvio de dinheiro público e pagamento de propina. Faiad foi preso hoje e é apontado como o intermediário no recebimento de propina das empresas Marmeleiro e Saga.

Sodoma 5

Deflagrada na manhã desta terça-feira (14), a Sodoma 5 investiga fraudes à licitação, desvio de dinheiro público e pagamento de propinas, realizados pelos representantes da empresa Marmeleiro Auto Posto LTDA e Saga Comércio Serviço Tecnológico e Informática  LTDA, em benefício da organização criminosa supostamente comandada pelo ex-governador, Silva Barbosa.

As supostas fraudes em licitações teriam sido realizadas nos anos de 2011 e 2014.

Segundo a Polícia Civil apurou, as empresas foram utilizadas para desvios de recursos públicos e recebimento de vantagens indevidas, utilizando-se de duas importantes secretarias, a antiga Secretaria de Administração (Sad) e a Secretaria de Transporte e Pavimentação Urbana  (Septu), antiga Secretaria de Infraestrutura (Sinfra).

As duas empresas, juntas, receberam aproximadamente R$ 300 milhões do Estado de Mato Grosso, em licitações fraudadas. Com o dinheiro desviado efetuaram pagamento de propinas em benefício da organização criminosa no montante estimado em mais de R$ 7 milhões.

Nesta fase, o ex-governador Silval, o seu ex-cehefe de Gabinete, Silvio Cesar Côrrea Araújo e ex-secretário adjunto de Administração, José Jesus Nunes Cordeiro, tiveram uma nova ordem de prisão decretada.

Além deles a juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital, decretou a prisão dos ex-secretários Valdisio Juliano Viriato (adjunto de Transportes) e Francisco Anis Faiad (Administração).

Nota na íntegra de Lúdio Cabral

1.   Na manhã desta terça-feira (14/02), fui conduzido coercitivamente pela Delegacia Especializada de Crimes Fazendários e Contra Administração Pública para prestar depoimento na condição de informante, não de investigado;

2.   Embora tenha recebido tratamento respeitoso de todos os servidores da Defaz, entendo desnecessária a determinação judicial de condução coercitiva, especialmente porque me apresentaria espontaneamente para prestar esclarecimentos caso fosse intimado;

3.   Não há na investigação qualquer indício que aponte minha participação em desvio de recursos públicos;

4.   Não existiu uma suposta dívida de R$ 1,7 milhão em combustíveis para a campanha à Prefeitura de Cuiabá em 2012 que teria sido paga com recursos públicos desviados;

5.   As dívidas da referida campanha foram devidamente registrados na prestação de contas eleitorais, integralmente assumidas pelo Partido dos Trabalhadores com a anuência dos credores após a campanha, como determina a legislação, e posteriormente quitadas;

6.   Todos os documentos de quitação das dívidas estão nos autos do processo de prestação de contas junto à Justiça Eleitoral, e estarei requerendo formalmente os mesmos para disponibilização à imprensa.

Leia mais:

Faiad e Lúdio Cabral estão na 5ª fase da Operação Sodoma; fotos e vídeos

MPE: Esquema de propina pagou R$1,7 milhão para campanha de Lúdio

Veja a saída do ex-vereador Lúdio Cabral, da sede da Defaz, em Cuiabá:

 

Sandra Carvalho

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