O Sindicato Nacional dos Aeroportuários diz que foi notificado pela concessionária que administra o aeroporto internacional de Cumbica, em Guarulhos, na Grande São Paulo, da demissão de 170 funcionários de diversas áreas, entre elas as de segurança do saguão e operacional. Só no terminal de cargas foram mais de 40 dispensados.
As demissões ocorreram de quarta-feira (1) a esta sexta-feira (3) e serão homologadas pelo sindicato em Guarulhos entre os dias 10 e 15 deste mês. Procurada pelo G1, o Gru Airport, concessionária que administra o terminal, diz que não iria comentar o assunto.
As demissões acontecem em um momento de crise no setor aéreo. O número de passageiros que embarcaram ou desembarcaram em Guarulhos caiu 3,6 milhões em 2016, para 35,4 milhões, uma redução de cerca de 10% no tráfego do aeroporto. Nesse cenário, as concessionárias que administram os aeroportos privados pediram ao governo para adiar o pagamento de outorgas, obrigações financeiras determinadas no contrato de concessão.
A GRU Airport é uma concessionária controlada pela Invepar, empresa que tem como sócios dos fundos de pensão Petros, Funcef e Previ e os credores da OAS. Para reduzir a sua dívida, a Invepar iniciou um processo de venda de ativos. A empresa já se desfez da concessão de uma rodovia no Peru.
Segundo o diretor administrativo-financeiro do sindicato, Samuel José dos Santos, a entidade e a Central Única dos Trabalhadores (CUT) protocolaram reclamações e denúncias contra as demissões junto à prefeitura de Guarulhos, à Câmara Municipal, na Agência Nacional de Aviação Civil e no Ministério Público do Trabalho, alegando que as demissões irão prejudicar 170 famílias e provocarão danos à segurança no aeroporto.
Na Câmara Municipal de Guarulhos, o vereador Maurício Brinquinho (PT) protocolou um pedido de criação de uma comissão especial de inquérito para apurar a situação. A abertura da comissão ainda será debatida entre os vereadores. Já a prefeitura de Guarulhos lamentou as demissões, mas diz que “não tem como inferir na gestão de empresas que atuam no município”.
Entre os demitidos pelo Gru Airport estão seguranças do saguão e do pátio de manobras das aeronaves, funcionários dos setores de operações, de taxiamento de aviões, de manutenção da estrutura do aeroporto e do terminal de carga, informou o sindicato.
“São áreas importantes e que podem colocar em risco o usuário, como trânsito de cargas perigosas. Não tem necessidade de fazer esta demissão em massa e não pode haver número insuficiente de agentes para a segurança e fiscalização de Guarulhos, que é o maior terminal do país. Não tem como um profissional ficar correndo de um lado para o outro para cumprir o serviço”, afirma o diretor.
“Eles nos informaram que houve estas demissões, pois somos os representantes legais dos trabalhadores, alegando que está havendo uma reestruturação da empresa devido à situação econômica do país. Mas é uma grande falácia, pois a preocupação é com foco no lucro”, disse Santos.
Reversão das demissões
O diretor salienta que entre a entidade brigará na Justiça e no Ministério do Trabalho para que as demissões não sejam concretizadas. “Enquanto não forem homologadas, ainda podem ser revertidas, pois os contratos de trabalho foram apenas suspensos”, disse.
Segundo o sindicato, de 2014 a 2016, o Gru Airport demitiu 585 funcionários, fora os 170 que foram demitidos nesta semana. Ao G1, a Infraero, empresa que administra os aeroportos do pais, diz que apesar de possuir 49% do capital societário da sociedade criada para a concessão do aeroporto de Guarulhos, não tem poder de intervir em nenhuma diretriz de operação do aeroporto.
O Ministério do Trabalho em São Paulo informou que a denúncia do sindicato não consta no sistema, pois é possível que ainda não tenha sido distribuída para algum procurador, mas disse que está monitorando o caso.
Fonte: G1