Com Felipe Leonel
O Tribunal de Contas do Estado (TCE-MT), por meio de um relatório elaborado no ano passado, exigiu que as Prefeituras de Cuiabá e Várzea Grande façam um diagnóstico da distribuição e instalação de abrigos nos bairros.
A Semob aponta déficit de 500 abrigos de ônibus na capital. Em Várzea Grande, 36,80% dos locais de baldeamento não possuem nenhum tipo de identificação de parada obrigatória.
A partir de agora, as prefeituras ficam obrigadas a divulgar indicadores sobre a prestação de serviços das concessionárias. A intenção do TCE é desenvolver regras para auferir a satisfação dos passageiros, sistema adotado em cidades modelo de serviço de transporte no país, como Curitiba e Belo Horizonte.
“Não há nenhum sistema de controle de serviços em Cuiabá, diferente do que ocorre em Curitiba, por exemplo, não são feitas pesquisas de satisfação do cliente. A Arsec fez uma pesquisa de satisfação no primeiro ano trabalho e identificamos que a insatisfação é muito grande e difusa”, diz Alexandre Bustamente, presidente da Arsec.
E completa: “Em uma região é a sujeira no ônibus, em outra o intervalo da passagem de um ônibus e outro. É disto que precisamos: saber como está o funcionamento do serviço para cobrarmos medidas”.
Ponto de ônibus pode cair sobre passageiros
Em meio ao burburinho de que a passagem de ônibus poderá subir de R$ 3,60 para R$ 4,20, os moradores da Cohab São Gonçalo correm o risco de ter dois pontos de ônibus desabando sobre suas cabeças, e pedem socorro.
Localizados na Avenida B, próximo à Escola Estadual Rubens de Mendonça, os abrigos estão literalmente caindo aos pedaços. As estruturas de ferro que seguram o ponto foram totalmente corroídas e o teto danificado completamente.
De acordo com a população, não é mais seguro ficar embaixo do ponto, ainda mais em um dia de chuva, um vento fraco já é capaz de balançar as estruturas. O estudante Marcos Brandão afirma que a situação está precária e que o problema existe há três anos.
Ele prefere ficar bem longe do ponto de ônibus. “Lá é perigoso, pode ver que a situação do ponto está precária. Pode cair a qualquer momento em cima de alguém e machucar. Quando tem chuva não pode ficar lá embaixo não, tem que ficar na chuva ou no sol. A situação está feia ali”, apontou.
Maioria usa ônibus cinco vezes por semana e espera até 30 minutos
Pesquisa concluída em dezembro do ano passado pela Arsec aponta que 51% dos passageiros usam transporte coletivo em cinco dias para se deslocar de casa para o trabalho e/ou de saída para a escola (16%). Esse índice representa acima de 60% da população de bairros como Cidade Verde e Vila Sucuri (66,7%, cada), CPA III (64,8%), Jardim Gramado (68,1%) e Praeiro (63,3%).
A maioria deles, 52,5%, é de pessoas que pagam a tarifa, e 19,1% tomam mais de um ônibus em um mesmo trajeto. E a viagem já começa no tempo de espera em paradas de ônibus, com variação entre 11 e 30 minutos para a maior parte. Conforme a pesquisa da Arsec, 35% dos passageiros precisam esperar ao menos 11 minutos para conseguir embarcar e em alguns dias podem levar até 15 minutos.
Essa parcela é acompanhada bem de perto por passageiros que ficam até 30 minutos à espera; 31% deles saem de casa com nível de paciência para esperar ao menos 16 minutos para passar seu ônibus e há vezes em que quase dobra o tempo de espera, chegando a 30 minutos. A insatisfação aumenta com o tempo tomado para chegar ao destino. Para 52%, a viagem demora muito. O menor tempo é de 30 minutos para 33% dos passageiros e para 44% o tempo vai de 30 a 60 minutos.
Dentro do ônibus o serviço também é de baixa qualidade: 35% acham o conforto dos carros regular, para 25% a estrutura e condição dos assentos são ruins; outros 13% opinaram que não há nenhum tipo de conforto, pois a qualidade dos ônibus é péssima.
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