Compulsão alimentar é caracterizada pela ingestão de uma grande quantidade de alimentos em um período de tempo de até duas horas, acompanhada da sensação de perda de controle sobre o que ou o quanto se come. Há estudos que relacionam vício em alimentos a mecanismos semelhantes aos encontrados em indivíduos viciados em drogas. Isso ocorre devido ao envolvimento de dois neurotransmissores no comportamento alimentar: a dopamina e a serotonina.
Apenas um pedaço do alimento viciante pode ser o gatilho para a ocorrência de episódio compulsivo! A dopamina está associada a vício e a sensações de satisfação e prazer; já a serotonina atua na regulação do apetite, do humor e do sono, por exemplo. Alimentos gordurosos estimulam a liberação de dopamina e, se o consumo de gorduras for excessivo, o organismo vai perdendo gradativamente a sensibilidade ao neurotransmissor, necessitando de quantidades cada vez maiores de alimentos gordurosos para que o cérebro se sinta saciado, instalando-se aí o vício.
Já alterações no metabolismo da serotonina, provocam aumento de apetite de forma geral e de avidez por doces e carboidratos refinados. A síntese e a ação dos neurotransmissores podem ser moduladas por meio de nutrientes como: magnésio, algumas vitaminas do complexo B, carboidratos e alguns aminoácidos específicos. Alguns alimentos reúnem boas quantidades desses nutrientes, devendo fazer parte do cardápio de quem sofre de compulsão alimentar:
CHOCOLATE AMARGO: é fonte de magnésio, carboidratos e outras duas substâncias (teobromina e feniletilamina) que melhoram o estado emocional pela modulação de dopamina e serotonina. Coma apenas 30 g.
AMARANTO: cereal rico em triptofano, aminoácido fundamental para a síntese de serotonina. Pode-se adicionar ao suco, na tapioca, no shake etc.
QUINOA: tem a mesma propriedade do amaranto e ainda contém nutrientes importantes para a produção de dopamina. Coloque na salada; fica uma delícia!
OVOS: também contêm triptofano.
CHÁ VERDE E CHÁ PRETO: são fontes de teanina, um outro aminoácido que ajuda a regular os níveis de serotonina, e também de dopamina.
Além da inclusão desses alimentos terapêuticos na dieta, não consumir os alimentos viciantes (os ricos em açúcar e gorduras), é imprescindível quando se entende a compulsão alimentar como um tipo de dependência química. Ainda, outros nutrientes e alguns fitoterápicos podem ser coadjuvantes no tratamento da compulsão, e são prescritos mediante avaliação nutricional individualizada por um nutricionista. Cada vez mais, é evidente que a nutrição exerce importante papel na modulação dos neurotransmissores, podendo atuar não só no tratamento como também na prevenção de distúrbios de comportamento alimentar.