A manhã tumultuada com a fuga de presos do Centro de Progressão Penitenciária 3 (CPP-3) de Bauru, no interior de São Paulo, gerou uma onda de pânico na cidade. Inúmeros estabelecimentos comerciais próximos à unidade, na região central e em outros bairros fecharam as portas com receio de assaltos e furtos. Uma universidade, agências dos correios e a unidade do Poupatempo local também deixaram de funcionar.
"Que pânico! Estamos com muito medo e trancados dentro da imobiliária", relatou uma corretora de imóveis. "Muitos clientes desmarcaram as consultas hoje por medo de sair na rua", contou uma médica veterinária.
Viaturas da Polícia Militar estão por toda a cidade em busca dos fugitivos. Dois helicópteros Águia, da Tropa de Choque, da cavalaria, além de equipes de várias cidades vizinhas dão apoio às buscas. Muitos fugiram pela rodovia Comandante João Ribeiro de Barros, a SP-294, também conhecida como Bauru-Marília e também pela Avenida Nações Norte. O CPP-3 fica no km 349 da rodovia. Há informações e boatos de que os fugitivos estariam fazendo arrastões em supermercados, galerias e até em um shopping da cidade, mas a PM desmente.
Por orientação do comando da Polícia Militar, o prefeito de Bauru, Clodoaldo Gazzetta (PSD), suspendeu temporariamente o atendimento ao público nos serviços municipais. Há exceção apenas para as unidades de saúde e os atendimentos de urgência e emergência. O funcionamento interno dos setores permanece, por isso os servidores não foram dispensados do trabalho até o início da tarde. A Câmara Municipal está fechada desde às 11h por ordem do presidente Alexssandro Bussola(PDT). Os dois shoppings da cidade continuam abertos.
De acordo com o capitão Juliano Loureiro, até o início da tarde 79 detentos já tinham sido recapturados e estão sendo levados ao Centro de Detenção Provisória (CDP). Ainda não se sabe ao certo quantos fugiram. Segundo o capitão, os três pavilhões ficaram bastante danificados. Os presos queimaram colchões e a fumaça escura podia ser vista de longe. De acordo com o Corpo de Bombeiros, os reeducandos atearam fogo no setor de alojamento e o incêndio começou a se espalhar pelo prédio. Os bombeiros estão no local para conter as chamas.
O tenente-coronel Flávio Kitazume, comandante da PM em Bauru, confirmou que a situação dentro da unidade está controlada e que a rebelião se trata de um caso isolado, ou seja, não há outras unidades prisionais nesta condição na região.
De acordo com a PM, nenhum agente penitenciário foi feito refém. Policiais e reeducandos sofreram apenas escoriações. As famílias dos presos começam a chegar no CPP-3 em busca de notícias.
Os relatos de funcionários ao Sindicato dos Agentes Penitenciários dão conta que a rebelião teve início a partir da descoberta de que um dos presos estava com um telefone celular. "Ele foi flagrado, mas o resto da população (detentos) não aceitou pegar preso com o celular, investiram contra os funcionários que vinham conduzindo esse preso, aí os funcionários tiveram que largar porque tinham três funcionários. E tem 1.500 presos o prédio. Então teve uma investida de vários presos contra os funcionários. Eles abandonaram o preso e se retiraram”, conta o presidente do sindicato, Gilson Pimentel Barreto.
Segundo nota divulgada pela Secretaria de Administração Penitenciária (SAP), o Grupo de Intervenção Rápida (GIR) formado por agentes de segurança penitenciária, está junto com a PM realizando a contagem dos presos.
"Ressalvamos que as unidades de regime semiaberto, conforme determina a legislação brasileira, não dispõem de muralhas nem segurança armada, sendo cercada por alambrados. A permanência do preso nesse regime se dá mais pelo sendo de autordisciplina do preso do que a mecanismos de contenção. O CPP III é o antigo Instituto Penal Agrícola de Bauru e está localizado numa área, do tipo fazenda, de 240 alqueires. Na última saída temporária, que ocorreu no final de 2016 e início de 2017, 1122 presos foram beneficiados e 1074 retornaram. Hoje, 208 presos trabalham fora da unidade, exercendo atividades externas, outros 65 em empresas dentro da unidade e 358 trabalham em atividades de manutenção do próprio presídio", diz a nota enviada à imprensa.
Fonte: G1