Mesmo quase 10 anos sem entrar em quadra, o atleta paralímpico Luiz Santana da Silva, de 42 anos, demonstrou habilidade, no amistoso de basquete realizado neste sábado (21.01). O time liderado por ele, de uniforme laranja, venceu por 12 x 8, o adversário que vestia azul. O placar marca o retorno às atividades dos atletas paralímpicos, que estrearam as cadeiras próprias para a prática esportiva, entregues pelo governador Pedro Taques, no ginásio da Escola Estadual Presidente Médici, em Cuiabá.
A Secretaria de Estado de Trabalho e Assistência Social (Setas-MT) adquiriu os equipamentos, em atendimento a uma demanda da Secretaria Adjunta de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência da Casa Civil. Os titulares das pastas, Max Russi e Marcione Pinho, respectivamente, junto ao governador, entregaram as 39 cadeiras de rodas, 24 para a prática de basquete e tênis paralímpicos, e 15 de uso comum para pessoas com deficiência de cinco municípios.
O chefe do Executivo Estadual ainda reconheceu que mais de duas mil pessoas com deficiência precisam de cadeiras de rodas em Mato Grosso, e se comprometeu em ações para a concretização das políticas públicas em benefício desse público. "Essa entrega de cadeiras próprias para o esporte é inédita, nunca houve aquisição desse tipo em Mato Grosso. Mas não estamos fazendo favor, pois é um direito das pessoas com deficiência o acesso ao esporte e lazer", afirmou o governador Pedro Taques.
O secretário adjunto da Casa Civil, Marcione Pinho, reforçou o posicionamento do governador. Para ele, as pessoas com deficiência não precisam de piedade, mas de respeito e oportunidade. "Esse é um projeto simples, mas que atende o esporte paralímpico e promove inclusão. É preciso sensibilidade humana para valorizar e investir nessa área", pontua o titular da Setas, Max Russi.
A aquisição das cadeiras foi articulada pelo deputado estadual licenciado Wilson Santos, atualmente secretário de Estado das Cidades. Ele também participou da entrega, e destacou a importância da divulgação dessa retomada do esporte paralímpico, para que se conquiste mais investimentos para o setor.
"Durante a minha caminhada política, trabalhei pautas em benefício do social e da pessoa com deficiência. É um assunto que me toca profundamente e o interesse na aquisição desses equipamentos é porque permitem a dignidade humana", concluiu.
As cadeiras específicas para a prática esportiva pertencerão ao Estado e serão geridas pela Secretaria de Estado de Educação, Esporte e Lazer (Seduc). De acordo com o secretário adjunto de Esporte e Lazer, Leonardo Oliveira, as cadeiras serão utilizadas pelos atletas paralímpicos, mas também para incentivar os alunos com deficiência da rede estadual de educação a ingressarem no esporte.
Atletas
De acordo com o presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência (PCD), Juarez de Almeida Albuez, cerca de 24% da população brasileira possuem algum tipo de deficiência, e em Mato Grosso o número é bem próximo desse percentual nacional.
Juarez destaca que o momento de aquisição das cadeiras é oportuno para o incentivo da prática, em decorrência da Paralimpíada recém-realizada no país, que despertou o interesse esportivo em muitas pessoas. Nesse sábado, mais de 20 pessoas com deficiência compareceram ao ginásio da EE Presidente Médici.
Entre eles, Emanuel Jesus da Conceição de Brandão, de 15 anos, que a partir de agora pode usar uma cadeira específica para jogar tênis. Ele, que recebeu uma cadeira de uso comum do governador Pedro Taques, nesse sábado, pratica tênis no Ginásio Aecim Tocantins e num clube particular voltado ao esporte desde agosto do ano passado.
Emanuel nasceu com espinha bífida, uma má formação congênita e quase não saía de casa. Desde que começou a treinar, viaja quase 15 quilômetros, cruzando a ponte de Cuiabá para Várzea Grande, duas vezes por semana.
"É a coisa que mais gosto de fazer. O ruim é que preciso emprestar cadeira para treinar, porque a minha de uso comum tem mais de quatro anos e já não está boa", lamentou Emanuel, antes de receber a nova cadeira pelas mãos do governador. A mãe do jovem, Maria de Fátima, completou que o ideal é que a cadeira de uso comum seja trocada a cada dois anos.
Já entre os atletas de basquete, também estavam o experiente Luiz Carlos Araújo e a jovem Thaissa Batistello Freitas. Aos 21 anos, ela ainda se amedronta com a força das boladas em quadra. A jovem, que ficou paraplégica após um acidente aos quatro anos de idade, participa de treinos funcionais e corrida junto a outros cadeirantes. Foi nesse convívio que ficou sabendo sobre a possibilidade de jogar basquete ou tênis, após a aquisição das cadeiras.
Já o servidor da Setas, Luiz Carlos Araújo, de 45 anos, joga basquete há mais de 20 anos na posição de pivô, os últimos 10 com a cadeira de uso comum. Ele contraiu poliomielite na infância e, por isso, ficou com uma perna mais curta que a outra. Ele consegue andar, mas precisa da cadeira específica para jogar.
"A prática melhora o condicionamento físico, disposição, além do trabalho em equipe e companheirismo com pessoas que entendem as nossas limitações", avaliou.
Fonte: Setas-MT