Cidades

Artistas cobram mudanças no Conselho Estadual de Cultura

Artistas, produtores e agentes culturais pedem ao governador Pedro Taques que cancele o processo eleitoral para escolha da nova formação do Conselho Estadual de Cultura. A cultura, o segmento, a área, a cadeia produtiva da cultura, enfim, a classe cultural não anda – vamos dizer assim – muito satisfeita com a política cultural implementada pelo atual secretário Leandro Carvalho. Os conceitos, sim, são maravilhosos; mas o fazer, o dia-a-dia, o meio de campo é que vêm tirando os gestores, produtores, agentes culturais, prestadores de serviço e abnegados do sério. Todos parecem à beira de um ataque de nervos. 

A enésima gota que transbordou desta vez foi o lançamento, ou abertura de prazo no último dia 5 e que vai até amanhã, sexta, 20, para que as pessoas “interessadas em colaborar com a elaboração do Regimento Eleitoral para a escolha do novo Conselho Estadual de Cultura” – o “C” do propalado CPF da cultura de Mato Grosso, que se sabe agora está capenga. Rememorando: do atual CEC, dos sete eleitos na gestão passada, sobraram apenas três, depois que a Polícia Civil desarticulou um esquema de fraude, por meio da operação Alexandria. Dois foram exonerados ainda na época do governador Silval Barbosa. 

Por conta dessa abertura de prazo, que se esgota nesta sexta, para apresentação de sugestões por meio ‘on-line’, é que diversos representantes de variados setores da cadeia produtiva da cultura de Mato Grosso, radicados em Cuiabá, se reuniram emergencialmente no início da noite desta terça feira, 17, na Arto Galeria – Arte & Café, na rua Dom Bosco, não na calada mas no início da noite, com o sol de verão morrendo no alto da avenida, para pedir diretamente ao governador Pedro Taques que anule, cancele ou torne sem efeito o atual processo eleitoral do Conselho Estadual de Cultura, para que haja de fato a participação da categoria. 

O pedido de cancelamento – conforme as diretrizes emanadas da assembleia foi protocolizado ainda ontem (quarta), às 10h30 – surgiu durante os debates após a leitura do regulamento do processo eleitoral, que está baseado na lei 10.378/2016, assinada pelo próprio governador Pedro Taques. As questões, porém, vão além das falhas encontradas na execução desse processo eleitoral.

A primeira, não menos ou mais importante, é o fato de se fazer as ‘contribuições’ on-line. Sempre fica a dúvida e dúvidas não faltam se a sua contribuição foi avaliada de verdade ou por alguém com um nível de competência razoável. Uma das participantes da reunião expõe sua experiência quanto aos editais dos museus. Além de ser um edital longo, com 80 páginas, ele apresenta pontos bem delineados e apresentou inúmeras contribuições, mas que ao sair o texto final, não viu uma sequer sendo contemplada dentro do edital publicado. 

A reunião, ou roda de conversa, como fora divulgado pelas redes sociais, buscava e busca formas de sensibilizar o secretário Leandro Carvalho e os técnicos culturais que, na opinião de uma expressiva maioria, agem como se fossem semideuses e quando se veem contestados nas redes sociais retrucam de forma que chega perto da agressividade gratuita. 

A preocupação com a formação do novo CEC é real. No próprio release da SEC fazendo o chamamento para participação das pessoas na confecção do regulamento, é destacado a importância do órgão. 

“Cabe ao Conselho Estadual de Cultura contribuir para o cumprimento das diretrizes, objetivos e desenvolvimento da política estadual de cultura, bem como acompanhar a implantação e a implementação do Plano Estadual de Cultura. Também são funções do Conselho deliberar sobre programas de apoio e fomento à cultura no estado, fiscalizar a aplicação dos recursos dos programas de fomento e a institucionalização e funcionamento do Sistema Estadual de Cultura”. 

Ora, como dissemos atrás, o CEC é o “C” do CPF, enquanto o Plano Estadual de Cultura é o “P” e o “F” é do Fundo. Sem o CEC o plano não pode andar, assim como deliberar sobre os programas (prêmios, incentivos etc.) e fiscalizar e aprovar as prestações de conta. Neste quesito, um participante levantou uma questão muito importante. Segundo ele, os técnicos ficam muito apegados à letra da lei enquanto já existe até um manual do Ministério de Cultura que flexibiliza alguns pontos e o Conselho – formado por representantes dos segmentos teriam uma visão mais abrangente das dificuldades e sensibilidade na avaliação da prestação de contas. 

Outro ponto questionado, principalmente por acadêmicos da Academia Mato-grossense de Letras presentes ao evento, é aquele que se refere a representantes dos segmentos. No chamamento está lá: “representantes dos segmentos das artes cênicas, visuais, audiovisual, cultura tradicional e étnico-cultural, humanidades, música, patrimônio histórico e cultural, pontos de cultura”. Onde estão as letras, a literatura, a dança? Vão dizer, nas humanidades, mas nas humanidades também deveriam estar a música, o cinema (audiovisual), que aparecem destacados. 

“Quem” poderia mexer nesse vespeiro seria a Comissão Provisória, nomeada por meio de portaria do governador. Acontece que a comissão não foi nomeada por ato do governador, segundo aponta o ofício assinado pelos representantes da cadeia produtiva de cultura. 

“Ocorre que, ao observar o art. 10 da Lei 10.378, de 1º de março de 2016, que dispõe sobre as competências, composição e estrutura do Conselho, nota-se que é imprescindível a indicação dos nomes por Vossa Excelência, por meio de Portaria própria, nomeando os representantes da referida Comissão Provisória. Pelas publicações da Secretaria de Estado de Cultura, no entanto, não constatamos a nomeação da Governadoria do Estado, o que legalmente invalida o processo eleitoral no nascedouro”. 

Alguns participantes não acreditam mais na volta do diálogo da gestão pública com os segmentos culturais, não entanto participam das reuniões por uma questão de ofício com um fio de esperança de que o governador Pedro Taques tome as rédeas da política cultural…. Como diz o ditado, a esperança é a última que morre. 

Entre os muitos presentes anotamos, Cibele Bussiki, Maria Hercília Panosso, Paulo Paulo Traven, Nilson Pimenta, Marilia Beatriz, Eduardo Mahon, Maria Clara Bertúlio, Raquel Mutzenberg, Luiz Marchetti, Cristina Campos, Gabriela Mazzetti, Naiene Vidal e Maria Irigaray.

Fonte: Diário de Cuiabá 

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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