Os empresários de Várzea Grande (MT) Cristian Barreto Lima e Carlos Egídio estão retidos por indígenas da nação Kayapó, no Pará, desde a última terça-feira (17). As informações são de que eles pousaram em um avião monomotor na aldeia Àukre, entre os municípios de São Félix do Xingu e Redenção, divisa com Mato Grosso, sem autorização da Funai. No avião também estavam Tito Lívio Correa e o piloto Edelson Mendes de Castro. Os indígenas desmentem a versão de sequestro.
O Circuito Mato Grosso falou com exclusividade na manhã desta quarta-feira (19), pelo telefone, com Bengoti Kayapó, que é membro da Associação Floresta Protegida. Segundo ele, o monomotor pousou na pista da aldeia às 14h30 de terça. Além do piloto, três empresários ocupavam a aeronave.
“Primeiro eles disseram que estavam comprando panelas velhas de ferro … depois disseram que estavam indo para Belo Monte e, terceiro, disseram que havia acabado o combustível”, relatou.
O Kayapo afirmou ao Circuito Mato Grosso que, como a pista é legalizada, não é permitido pouso sem autorização. “Para pousar em qualquer aeroporto é preciso autorização e aqui não é diferente. Não foram máquinas que abriram esta pista, fomos nós, Kayapó”.
Como desceram sem aviso prévio, os caciques cobraram uma multa dos empresários. “E foram eles que ofereceram vinte mil reais. Um deles disse que iria buscar o dinheiro e voltaria na quarta-feira. Então ele foi embora no avião e até agora não voltou na aldeia”.
Bengoti observa que se a aeronave não tivesse combustível não teria conseguido pousar em São Félix do Xingu e lamenta que o fato tenha sido noticiado como sequestro. Então, não tem nada refém. Eles estão sendo bem tratados, estão na farmácia, se alimentando bem”.
O Kaiapó informou ainda que se deslocará de avião ainda na manhã de hoje até a aldeia A aldeia Àukre para buscar os dois empresários.
O Circuito Mato Grosso também falou em primeira mão com o empresário Tito Lívio Correa. Ele conta que o grupo saiu de Cuiabá com destino a Altamira por volta das 9h30 de terça. "Depois da Serra do Cachimbo o tempo começou a fechar, começamos a desviar, não conseguimos sair do temporal, que tava fechando mesmo, não tinha como sair, pousamos, botamos uma pista homologada que tinha no radar e pousamos nela, que é homologada pela Anac".
Em seguida, continua o empresário, os indígenas teriam chamado o grupo para falar com o cacique da aldeia. "O cacique falou: vocês pousaram na pista, é 30 mil reais para a gente liberar vocês para irem embora. Eu falei que tinha apenas três mil no bolso e entreguei ao cacique. Eles separaram o dinheiro entre eles e pra mim estava tudo resolvido".
O grupo teria aguardado a chuva passar em torno de 2h30 e, ao saírem em direção a aeronave, o chefe dos guerreiros teria começando a gritar na linguagem deles e depois tido em português que só sariam se pagassem. "Eu falei que não tenho dinheiro para pagar aqui. Eles falaram então vai você e o piloto e fica os dois aqui, na hora que vocês tiverem o dinheiro nós liberamos os outros dois. Pra mim isso ai é um sequestro, isso é um cárcere privado. Isso foi um pouso de emergência, quer dizer, então se nós não tem condições nenhuma ali de pagar, nós saia, morria no meio da Amazonia era melhor ter pousado lá".
Tito contou ainda que ele e o piloto seguiram para São Felix do Xingu, onde entraram em contato com a Polícia Civil e com a Funai em Brasília e aguardam providências.
Entrevista com Bengoti Kayapó:
Entrevista com o empresário Tito Lívio Corrêa: