Política

Ex-senador colombiano é detido por suspeita de receber propina da Odebrecht

O ex-senador colombiano Otto Nicolás Bula se tornou neste sábado (14) o segundo detido no país por suspeita de suborno da Odebrecht, informou a Procuradoria-Geral. Bula, do governista Partido Liberal, foi capturado ao meio-dia e será acusado pelos crimes de suborno e enriquecimento ilícito, segundo o Ministério Público do país.

Documentos divulgados pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos mostram que a Odebrecht pagou US$ 788 milhões em subornos em 12 países da América Latina e da África (veja mais abaixo). Na Colômbia, foram mais de US$ 11 milhões de propina entre 2009 e 2014.

A detenção de Bula é a segunda a acontecer na Colômbia por corrupção em contratos com a empreiteira brasileira. O ex-vice-ministro de Transporte Gabriel García Morales, que exerceu o cargo durante o governo do ex-presidente Álvaro Uribe, foi detido na quinta-feira (12).

Na quinta-feira (12), autoridades colombianas já haviam detido Gabriel García Morales, vice-ministro de Transporte durante o governo do ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2010), por suposto envolvimento no caso.

O ex-vice-ministro é suspeito de facilitar o acesso da empreiteira brasileira à construção do setor 2 da Estrada do Sol, um trajeto de mais de 500 km que liga o centro do país à Costa do Atlântico e ao Caribe. O contrato foi firmado em janeiro de 2010, durante o governo Uribe, e segue em execução.

"A Procuradoria tem evidências de que o senhor García recebeu US$ 6,5 milhões para garantir que a Odebrecht fosse selecionada", afirmou o procurador-geral do país, Néstor Humberto Martínez, após a prisão. "Os pagamentos para se vencer a concorrência foram executados pela Odebrecht no Brasil, através do departamento de operações estruturadas do grupo".

Departamento de Operações Estruturadas era o setor da Odebrecht encarregado de pagar propinas, segundo investigações da Lava Jato.

Segundo a Promotoria, foi feito "um segundo pagamento, no valor de US$ 4,6 milhões, para a concessão da via Ocaña-Gamarra", no nordeste colombiano. "A entidade estabeleceu que a filial da Odebrecht na Colômbia contratou em 5 de agosto de 2013 Otto Nicolás Bula Bula, através da modalidade de honorários por resultado ou cota de sucesso, com o objetivo de obter o contrato da via Ocaña-Gamarra a favor da Concessionária Rota do Sol S.A.S".

Além do setor 2 da Estrada do Sol, houve outros dois projetos executados pela Odebrecht na Colômbia, ambos durante o mandato do presidente Juan Manuel Santos: a via Puerto Boyacá – Chiquinquirá, concedida em abril de 2012 (que o governo diz ter sido concluída "satisfatoriamente"), e outro para dar navegabilidade ao rio Magdalena, o afluente mais importante do país, licitada em agosto de 2014.

Acordo com países

A Odebrecht já ofereceu pagar US$ 32 milhões ao governo da Colômbia como parte da colaboração nas investigações abertas sobre pagamento de suborno para conseguir obras no país, segundo o MP local – o que foi aceito.

A empresa está negociando com diversos países acordos para encerrar as investigações sobre pagamentos de propina para obtenção de contratos. Veja os desdobramentos dos acordos em discussão.

Propina em 12 países

Em acordo de leniência firmado com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, derivado das investigações da Lava Jato, a Odebrecht admitiu ter pago em propina US$ 788 milhões entre 2001 e 2016 e a Braskem, US$ 250 milhões entre 2006 e 2014, a funcionários do governo, representantes desses funcionários e partidos políticos do Brasil e de outros 11 países. Para o órgão dos EUA, é o "maior caso de suborno internacional na história".

A construtora brasileira pagou propina para garantir contratos em mais de 100 projetos em Angola, Argentina, Brasil, Colômbia, República Dominicana, Equador, Guatemala, México, Moçambique, Panamá, Peru e Venezuela, segundo o Departamento de Justiça dos EUA. Na Colômbia, a empresa admitiu ter pago mais de US$ 11 milhões em propina entre 2009 e 2014.

G1

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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