Torcedores do Corinthians presos em Bangu, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, suspeitos de participarem de uma briga generalizada no Maracanã antes da partida contra o Flamengo, em 23 de outubro do ano passado, escreveram uma carta em que pedem para ser transferidos por conta da guerra entre facções no presídio.
O G1 procurou a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Rio de Janeiro e sua assessoria de imprensa ainda não se posicionou até a publicação dessa reportagem.
Assinada por quatro integrantes da torcida Coringão Chopp, a carta é direcionada ao presidente da organizada, Lucio Fagundes. Segundo o relato dos torcedores, a vida na Cadeia Pública José Frederico Marques, mais conhecida como Bangu 10, virou um “inferno” depois que a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) transferiu cerca de 600 presos da facção Amigos dos Amigos (ADA) para o presídio.
“O que acontece é o seguinte: depois que os cara tomou a cadeia, estamos vivendo no nosso limite, sem direito a água, pão e rango. Parça, a cadeia tá tensa, mais dia menos dia a cadeia vai virar e nóis estamos aki no meio do fogo cruzado, no meio de 2 facções, correndo risco de vida”, contam eles na carta escrita à mão.
Receosos, os torcedores pedem ajuda ao presidente da organizada que integram: “Estamos te passando essa visão para que você corra aí fora por nois como nois daria nossa vida pela torcida. Queremos que você faça essas ideia expandir, caia no ouvido de quem for possível pra que tire ou transfira nois daki o mais rápido possível”.
Além dos torcedores conhecidos como Vinícius, “Mon”, Barroso e “Pequenino”, que escreveram o relato, outros 23 corintianos estão presos há mais de 80 dias, desde que foram apontados pela polícia como participantes da briga ocorrida na arquibancada do Maracanã antes do jogo Flamengo x Corinthians, válido pela 32ª rodada do Campeonato Brasileiro de 2016. Entre eles há integrantes de outras organizadas, como a Gaviões da Fiel, e também torcedores "comuns".
Conforme apurado pelo GloboEsporte, o presos são acusados de crimes como agressão, tumulto, danos ao patrimônio público, resistência, associação criminosa e corrupção de menor – um garoto de 16 anos chegou a ser apreendido, mas acabou libertado depois. Muitos deles se dizem inocentes e há quem alegue que nem havia chegado ao estádio no momento da briga.
Apesar da confusão ter sido registrada por câmeras de TV e lentes de diversos fotógrafos, a Polícia Civil do Rio de Janeiro só identificou quatro dos detidos por imagens: Kauan Gentil, Rogério Aparecido dos Santos, Anderson Zanqueta da Silva e Tiago de Lima. O restante foi preso com base, principalmente, no reconhecimento feito por quatro PMs que trabalhavam no Maracanã.
Fonte: G1