O Japão convocou para consultas seu embaixador na Coreia do Sul, Yasumasa Nagamine, em sinal de protesto pela colocação de uma estátua diante de seu consulado em Busan que recorda as vítimas da escravidão sexual durante a ocupação japonesa na Coreia do Sul.
O porta-voz do governo japonês, Yoshihide Suga, anunciou a decisão nesta sexta-feira (6), junto a outras medidas, que incluem a suspensão das negociações econômicas de alto nível.
"O governo japonês considera que se trata de uma situação altamente lamentável", afirmou Suga, em entrevista coletiva. Além de chamar o embaixador para consultas, Tóquio também convocou seu cônsul geral em Busan.
"O governo japonês seguirá insistindo com firmeza junto ao governo da Coreia do Sul e às autoridades municipais correspondentes para que retirem rapidamente a estátua", complementou o porta-voz.
A Coreia do Sul foi ocupada pelo Japão entre 1910 e 1945, e mulheres sul-coreanas que foram escravizadas por soldados japoneses ficaram conhecidas como "mulheres de conforto". Tóquio só se desculpou em 2007, e um acordo para indenizar vítimas foi firmado em 2015.
Sem se referir à estátua, o premiê japonês, Shinzo Abe, afirmou ao vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que é importante para o Japão e a Coreia do Sul manter o acordo sobre as "mulheres de conforto". Os dois conversaram por telefone, segundo o governo japonês, e Abe também disse a Biden que os EUA apoiaram o acordo e não é "construtivo" voltar atrás.
Mas Seul considera que o Japão não se arrependeu o bastante pelos crimes cometidos por seus soldados durante a expansão colonialista do arquipélago. Retirada do local por ativistas coreanos, a obra foi recolocada por autoridades locais no fim do ano passado, após a polêmica em torno da visita da ministra da Defesa do Japão ao santuário de Yasukuni, em Tóquio.
Yasukuni homenageia os 2,5 milhões de soldados japoneses mortos desde a metade do século XIX e traz os nomes de 14 criminosos de guerra condenados pelos aliados após a Segunda Guerra Mundial. Cada visita ao satuário reaviva a cólera nos coreanos.
Fonte: G1