75.000 refugiados estão retidos em deserto entre Síria e Jordânia, diz ONG (Foto: Reprodução / Site da Anistia Internacional)
Cerca de 75.000 refugiados estão retidos no deserto na fronteira entre Jordânia e Síria, sem receber há quase dois meses nenhuma ajuda humanitária, informou nesta quinta-feira (15) a ONG Anistia Internacional (AI) em comunicado.
A organização entrou em contato com algumas das pessoas que estão na região, conhecida como "berma", que descreveram um panorama desesperador de sofrimento.
"A situação na 'berma' oferece uma dura imagem das consequências do lamentável fracasso do mundo na hora de dividir a responsabilidade pela crise global de refugiados. O efeito multiplicador deste fracasso foi que muitos moradores da Síria fecharam suas fronteiras às pessoas refugiadas", disse Tirana Hassan, diretora do Programa de Resposta a Crises da AI.
Hassan ressaltou que a comida escasseia e abundam as doenças na "berma", onde inclusive algumas pessoas morreram em decorrência de doenças que poderiam ter sido evitadas.
A diretora da AI lamentou que as autoridades da Jordânia tenham bloqueado a entrada de ajuda humanitária ao local e não permitam que os deslocados tenham acesso ao reino.
A chegada de assistência à "berma" era limitado anteriormente, mas cessou totalmente quando a Jordânia fechou as passagens de Rukban e Hadalat, após um ataque no dia 21 de julho no qual morreram sete guardas fronteiriços.
Desde então, só uma carga humanitária chegou à área no início de agosto para as mais de 75.000 pessoas retidas ali.
A Anistia Internacional citou como exemplo o caso de Abu Mohammed, que está há cinco meses vivendo no campo informal de Rukban.
"A situação humanitária é muito ruim, a situação das crianças concretamente é muito ruim. Temos água para beber, mas quase nada de comida ou leite (…) é horrível", relatou o refugiado. "Morreu muita gente (…) Repartiram apenas arroz e lentilhas e um quilo de tâmaras secas, mas era para todo o mês, não nos deram mais que isso. O ânimo das pessoas em Rukban está abaixo de zero", acrescentou.
A AI lembrou ainda que na próxima semana os líderes mundiais se reunirão em Nova York (EUA) em duas cúpulas de alto nível para falar da população refugiada.
Nesse contexto, a ONG lhes exige que abandonem retórica e façam compromissos concretos para acolher uma porcentagem justa de refugiados, aliviando a pressão que sofrem os países que abrigam um grande número deles.
A ONG solicitou, além disso, que a Jordânia permita a entrada imediata dos refugiados que estão na "berma".
Fonte: G1