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48% dos inadimplentes afirmam sentir vergonha, diz pesquisa

Cerca de 48% dos consumidores inadimplentes entrevistados nas 27 capitais brasileiras afirmam sentir vergonha por terem dívidas, segundo pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) em conjunto com o SPC Brasil.

As entrevistas foram realizadas pessoalmente com 600 consumidores inadimplentes com mais de 18 anos, pertencentes a todas as classes sociais, entre os dias 15 e 26 e julho. A margem de erro é de quatro pontos percentuais e o intervalo de confiança é de 95%, informaram as entidades.

"Outros sentimentos negativos mais relatados [pelos inadimplentes] são a infelicidade (46%), insegurança e o medo de não conseguirem quitar as pendências (44%), e nervosismo, irritação e desespero (44%). Quando se referem à autoestima, 43% disseram que ela foi afetada devido às dívidas que possuem há mais de três meses", diz o levantamento.

Segundo a CNDL e o SPC Brasil, quanto maior o valor da dívida, maior também o nível de preocupação do inadimplente: 67% dos que devem R$ 5 mil ou mais têm nível de preocupação alto ou muito alto. "Como efeitos diretos das dívidas e dos sentimentos gerados por elas, 53% relataram alterações de apetite, seja aumento ou perda. Outros 39% afirmaram estar com insônia, e 31% terem medo de atender ao telefone", acrescentaram.

33% estão mais irritados
De acordo com a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, os efeitos práticos da inadimplência são previstos e esperados por todos.

"Quando alguma dívida é contraída e o pagamento atrasado, o consumidor sabe que terá consequências no seu dia a dia e em relação ao seu orçamento. Porém, é difícil prever o impacto que estas dívidas terão sobre as suas emoções e o que isso ocasionará em seu comportamento", avaliou.

Cerca de 33% dos inadimplentes afirmam estar mais irritados, agredindo verbalmente familiares e amigos. Esse tipo de comportamento é mais frequente à medida que a dívida é mais alta, e também entre as pessoas que têm maior nível de preocupação com a dívida (48%), segundo o levantamento.

Como forma de aliviar a ansiedade, 26% passaram a usar mais os vícios que já possuem, como cigarro, comida e bebidas com álcool – o percentual aumenta para 43% entre os pertencentes às classes sociais A e B.

Outro comportamento detectado é que 18% dos consumidores inadimplentes passaram a ficar nervosos e até já fizeram agressões físicas a familiares ou amigos – 22% entre as mulheres e 12% entre os homens.

Mais desatentos
A pesquisa mostra ainda que as dívidas também afetam o ambiente de trabalho: cerca de 31% dos consumidores inadimplentes estão mais desatentos e pouco produtivos em suas atividades profissionais, aumentando para 42% entre os que possuem altos níveis de preocupação. Outros 22% alegaram também perder a paciência com colegas de trabalho.

"A inadimplência pode impactar seriamente a atividade profissional, tanto em termos de desempenho quanto no que diz respeito à capacidade de se relacionar no ambiente de trabalho. Se a situação fugir do controle, a queda na produtividade e a falta de paciência no trato com as pessoas podem colocar o emprego do consumidor em risco", diz Kawauti, do SPC Brasil.

Para o educador financeiro do SPC Brasil e do portal Meu Bolso Feliz, José Vignoli, o termômetro sintetiza a pesquisa, ao mostrar que as preocupações decorrentes das contas em atraso podem trazer danos físicos e psicológicos aos inadimplentes.

"Os sentimentos negativos relatados, como perda de sono, irritação, vergonha e baixa autoestima podem comprometer a capacidade de julgamento do consumidor, dificultando ainda mais a saída do processo de endividamento. De modo geral, os resultados sugerem que, ao impactar o estado emocional, as dívidas acabam por interferir diretamente na saúde e na qualidade de vida", analisou.

Fonte: G1

Redação

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