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20 anos após chacina em fazenda, pistoleiro é condenado a 46 anos de prisão em Mao Grosso

O Tribunal do Júri da Comarca de Cuiabá condenou Joilson James Queiroz a 46 anos de reclusão por envolvimento na chacina que vitimou quatro pessoas há 20 anos, em uma fazenda em Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá. A propriedade rural pertence ao ex-bicheiro, João Arcanjo Ribeiro. O Ministério Público de Mato Grosso ingressará com recurso, pois entende que a pena aplicada deveria ser de 69 anos.

Apontado como um dos autores do crime nas investigações conduzidas pela Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), o condenado era gerente da fazenda onde ocorreram os fatos e foi o responsável por ordenar a morte de três das vítimas.

Ele foi o último dos investigados a ser preso, tendo o mandado de prisão cumprido em fevereiro de 2022, no estado do Acre, 18 anos após o crime.

A chacina que vitimou quatro pessoas ocorreu em uma fazenda, às margens da BR-163, em 2004, quando as vítimas, que haviam ido pescar no local, foram mortas por funcionários da propriedade. O caso ficou conhecido como a “Chacina da Fazenda São João”.

Oito funcionários da fazenda tiveram a participação identificada na execução das vítimas.


Chacina

O quádruplo homicídio ocorreu em março de 2004, na fazenda São João, próxima ao Trevo do Lagarto, em Várzea Grande, quando as vítimas Pedro Francisco da Silva, José Pereira de Almeida, Itamar Batista Barcelos e Areli Manoel de Oliveira foram mortas por funcionários da propriedade.

A DHPP identificou oito envolvidos no crime, que foram indiciados por homicídio qualificado (cometido por motivo fútil, uso de meio cruel e sem chance de defesa), ocultação de cadáver e formação de quadrilha. O Ministério Público Estadual ofereceu denúncia à Justiça ainda em 2004.

Uma vítima foi morta por disparo de arma de foto e três delas foram amarradas e torturadas, antes de serem mortas por afogamento. Depois de mortos, os quatro tiveram os corpos jogados em diferentes pontos, em uma área da localidade de Capão das Antas, a fim de dificultar o trabalho investigativo da polícia.

Investigações

Durante o inquérito policial foi apurado que as vítimas foram à fazenda para pescar em um dos tanques de peixe da propriedade, na manhã do sábado de 20 de março de 2004. Conforme a investigação, os amigos teriam ido ao local na intenção de pescar para consumo de suas famílias, quando foram surpreendidos pelos seguranças da fazenda.

Como os quatro não retornaram para casa, no dia seguinte as famílias procuraram a polícia e tiveram início as buscas pelas vítimas. Ainda no domingo, a Polícia Militar localizou as quatro bicicletas próximas à cerca da fazenda. Após diversas diligências, os corpos foram localizados em uma área fora da fazenda, levados até ali a fim de ocultar o crime e dificultar a investigação.

De acordo com depoimentos colhidos pela DHPP, um dos funcionários confirmou que ele e outros dois seguranças da fazenda encontraram os quatro rapazes no final da tarde do sábado, pescando no tanque de piscicultura e atiraram contra as vítimas. Uma delas correu para o mato para se esconder, mas foi morta com um disparo no abdômen feito por um dos seguranças.

As outras três vítimas foram rendidas, ocasião em que um dos seguranças ligou para Joilson, que era o gerente da fazenda e disse que “três capivaras estavam presas e uma estava morta e que aguardavam a faca para arrancar o coro das que estavam vivas”.

Após chegar à fazenda, Joilson foi o responsável por ordenar a morte das demais vítimas, uma vez que “já que um estava morto, deveriam matar os demais para não deixar pistas”. As vítimas foram jogadas amarradas dentro do tanque e morreram por afogamento.

João Freitas

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