Cidades

100% das escolas públicas não alcançaram média no Enem

O desempenho das escolas no Enem 2015 divulgado esta semana pelo Ministério da Educação (MEC) indica que 100% das escolas públicas de Mato Grosso ficaram abaixo da média nacional. Em nível nacional, este índice ficou em 91%.

Para o professor Henrique Nascimento, presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT) a piora na avaliação do ensino é reflexo do “sucateamento” do ensino básico, que enfrenta hoje problemas de alta rotatividade de professores, falta de preparo de profissionais nas áreas que lecionam e ainda a estrutura ruim das escolas cujos laboratórios e bibliotecas estão em situação precária.  No entanto, critica a intenção das pesquisas no País que se concentram em critérios de ranqueamento de escolas.

“Cada escola lugar tem sua especificidade, pontos que precisam ser trabalhados. Não dá para comparar o modelo de avaliação de São Paulo com e o de Mato Grosso”.  

Segundo ele, 60% dos professores, num universo de quase 21 mil docentes, hoje na rede pública estadual de ensino, trabalham em forma de contrato, sem a prescrição de direitos trabalhistas determinadas aos efetivados.

“Em algumas escolas o número de professores contratados representa até 90% do quadro geral. Isso quer dizer que durante um ano letivo uma mesma turma pode ter mais de um professor para uma disciplina. Há uma descontinuidade muito grande no ensino público, porque os professores podem mudar a qualquer momento de escolas, eles não têm nenhuma garantia trabalhista. Sem contar que o número muito grande de alunos por professor dificulta a elaboração de atividades”, explica.

Esse cenário pode ter correlação com a qualidade do que é ensinado nas salas de aulas, pois além da rotatividade, há contratação de profissionais sem habilitação para trabalhar assuntos que não dominam.

“A maioria dos professores, hoje, não possuem habilitação para lecionar na área em que trabalham. A situação é mais complicada em disciplinas como física, química e biologia, que têm baixo número de profissionais especializados na área. Mas a carreira de professor não é atrativa para eles”, diz Nascimento.

A situação é complicada por falta de estrutura para o desenvolvimento de atividades. O professor Nascimento diz que é muito baixo o número de escolas que possuem laboratórios (química e informática, por exemplo) em Mato Grosso. E onde existe, a montagem de equipamentos é precária.

Questionado sobre os números das escolas privadas em Mato Grosso, cuja aprovação na pesquisa ficou apenas 32%, o professor Nascimento diz que, apesar do número expressivo de instituições no mercado, o modelo de ensino funciona por “indução”.

“As escolas públicas acabam sendo indutoras do que acontece na rede privada, e os modelos de ensino ficam muito próximos como a pesquisa mostra. Os números são melhores do que das escolas públicas, mas são ruins. Isso porque se pensa: já que temos um sistema que está melhor do que na rede pública, não há por que melhorar”.

Governo diz que está trabalhando para melhorar nível

Em nota, Secretaria Estadual de Educação (Seduc) informou que diagnosticou a situação do ensino médio em Mato Grosso em avaliação realizada com o Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora (CAEd/UFJF). 

Desde então lançou ferramentas gratuitas, como os aplicativos Prepara Mais e o Geekie MT, com vídeos, textos e exercícios comentados, para ajudar estudantes na preparação para o Enem.

Disse ainda que trabalha na construção de políticas públicas para a “transformação do ensino público”. Dentre elas estão projetos de ensino médio em tempo integral, incentivo e ampliação de projetos educativos e o programa Pró-Escolas, de ações específicas nos eixos de estrutura, ensino e inovação.

CIN é o primeiro colocado das escolas particulares

Em Mato Grosso, o Colégio Isaac Newton (CIN) é o 1º lugar entre as melhores médias da prova objetiva. A escola obteve uma média de 619,71 pontos nas provas objetivas, com maior pontuação dos alunos na prova de matemática (665,50 pontos). 

“O Colégio Isaac Newton vem conquistando, nos últimos seis anos, uma melhor gradual no desempenho no Enem, resultado do investimento permanente da escola na qualidade do ensino oferecido aos alunos, no padrão do corpo docente e também do comprometimento dos alunos em busca de uma vaga nas universidades”, contextualiza o professor Luiz Salvador Jorge da Cunha, diretor pedagógico do CIN, lembrando que a instituição, há cerca de 40 anos, investe na Educação, formando o aluno para a vida.

Os resultados do Enem por Escola contemplam as 14.998 escolas que cumpriram o critério de ter pelo menos dez alunos participantes do Enem 2015 e ter taxa de participação igual ou superior a 50%.

Esses resultados também contabilizam os 1.212.908 estudantes matriculados no 3º ano do Ensino Médio Regular, declarados no Censo da Educação Básica de 2015 e que realizaram as quatro provas objetivas e a prova de redação do exame no ano passado, recebendo nota maior que zero nas objetivas e não tendo sido eliminados na redação.

O desempenho dos alunos subiu em Redação e em Ciências Humanas, mas caiu em Matemática e suas Tecnologias; Linguagens, Códigos e suas Tecnologias; Natureza e suas Tecnologias. 

As 10 escolas com maiores médias nas provas objetivas

01 – Colégio Isaac Newton (Cuiabá) – média 619,71
02 – Farina Sistema de Ensino (Cuiabá) –média 617,03
03 – Colégio Maxi (Cuiabá) – média 614,34
04 – Colégio Regina Pacis (Sinop) – média 606,00
05 – Instituto Presbiteriano Educação Simonton (Tangará da Serra) – média 602,47
06 – Centro de Educação Básica São José (Sorriso) – média 591,73
07 – Colégio La Salle (Lucas do Rio Verde) – média 591,31
08 – CE Piaget Ensino de I e II graus   (Lucas do Rio Verde) – média 590,94
09 – Colégio Salesiano São Gonçalo (Cuiabá) – média 589,93
10 – Colégio Christiane Archer Dal Bosco – média 587,37

Reinaldo Fernandes

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