Desde Los Angeles 1932, o Brasil não disputava o lançamento de martelo nos Jogos Olímpicos. Agora, o país tem não apenas um representante, mas um finalista na prova. Nas eliminatórias da manhã desta quarta-feira, no Estádio Olímpico, Wagner Domingos cumpriu sua primeira meta na Rio 2016. Montanha, como é conhecido, terminou a fase de classificação em nono entre os 32 participantes e garantiu presença entre os 12 atletas que vão brigar por medalhas na sexta-feira.
– Quando entrei no estádio, foi uma energia muito grande. O povo começou a me motivar, gritaram meu nome, nunca vivi isso. Fiquei feliz. Consegui manter o foco na prova. Por ser a primeira Olimpíada, a classificação é sempre um momento de nervosismo, mas consegui manter o foco e fazer uma marca até que razoável – avaliou o brasileiro.
O último representante do Brasil no lançamento de martelo em Olimpíada tinha sido o paulista Carmine di Giorgi, que terminou em 13º nos Jogos de Los Angeles 1932. Wagner Domingos quebrou o jejum ao alcançar o índice olímpico durante competição na Eslovênia, em junho, com direito a recorde sul-americano: 78,63m. A marca coloca ainda o brasileiro na quarta colocação do ranking mundial em 2016.
– Me sinto bastante feliz por tanto tempo depois ser o representante do Brasil no lançamento de martelo em uma Olimpíada. Quando comecei no atletismo, o recorde era 65,50 metros. A partir de 2005, fui batendo recorde após recorde, evoluindo. Hoje, consegui estar aqui. O objetivo é chegar mais próximo da minha melhor marca e, se estiver num dia iluminado, tentar até passar. Com ela, sou o quarto do mundo hoje. Uma marca muito boa, mas minha média é 76,77m. Isso é possível. Com essa marca, consigo ficar entre os cinco melhores da Olimpíada – concluiu Montanha.
A prova
O "pequeno" pernambucano de 1,87m e 100kg foi responsável por abrir a disputa no Engenhão, sendo o primeiro a lançar no Grupo 1. Começou alcançando 71,93m, fechando a rodada inicial na quinta colocação. Nos intervalo, o brasileiro passou a fazer um aquecimento individual, simulando os lançamentos com sua mochila. Tática que deu certo. Em sua segunda tentativa, Wagner foi bem melhor e marcou 74,17m, assumindo a liderança da prova. A terceira e última ficou em 73,65m, ainda abaixo dos 76,50m que garantiriam vaga direta para na final. Ainda assim, Montanha terminou a série na primeira colocação
Daí para a frente, restou ao brasileiro torcer para não ser ultrapassado por mais de 11 adversários do Grupo 2. O que deu certo. Na segunda série, outros oito atleta lançaram acima da marca de Montanha, que terminou na nona posição. A liderança ficou com o favorito ao ouro, o polonês Wojciech Nowicki, que lançou para 77,64m.
Quem também teve muito para comemorar pela manhã foi Luiz Alberto Araújo. O brasileiro abriu com todo gás a disputa do decatlo, que combina dez provas do atletismo. Ele foi o sexto melhor dos 100m rasos, com seu melhor tempo do ano (10s77 e 912 pontos). Depois fez o maior voo da vida no salto em distância, sendo o sétimo melhor, com 7,48m e 930 pontos. Empurrado pela torcida, também conseguiu sua melhor marca do ano no arremesso de peso (15,26m e 806 pontos), sendo o terceiro melhor na prova.
Com 2.648 pontos, Luiz assumiu a quarta posição após as três provas da manhã, bem perto do francês Kevin Mayer (2.699 pontos). Recordista mundial e favorito, o americano Ashton Eaton lidera com 2.803 pontos. O canadense Damian Warner é o segundo, com 2.708 pontos.
Na sessão da noite, os decatletas disputam o salto em altura e os 400m rasos. Na quinta-feira, a prova chega ao fim com as disputas de 110m com barreiras, lançamento de disco, salto com vara, lançamento de dardo e 1.500m.
FLAVIA É ELIMINADA
Outra representante do Brasil em ação nas eliminatórias desta quarta foi Flávia de Lima, que disputou os 800m feminino. Empurrada pela torcida, a brasileira até alcançou sua melhor marca da temporada com 2m03s78, mas foi apenas a última em sua série e não conseguiu se sair bem e acabou apenas em 53ª no resultado geral.
Fonte: G1