Na coletiva convocada pelo governador para passar o cronograma de entrega de obras, Silval Barbosa foi taxativo ao responder ao questionamento do Circuito Mato Grosso ao dizer “que as desapropriações estavam concluídas”, equívoco que levou o secretário Maurício a explicar que “as notificações estavam sendo entregues” e que a construção do muro de sustentação começaria durante esta semana.
A desapropriação das moradias do bairro Santa Helena que ficam no alto do morro do Despraiado também é questão fechada na Procuradoria Geral do Estado (PGE). Segundo o procurador-geral, Jenz Prochnow, a desapropriação de parte da área “visa o interesse público e a incolumidade do trecho abaixo” e que estariam apenas esperando a Secopa remeter os documentos e dados pedidos para finalizar o procedimento.
Depois da denúncia feita pelo Circuito Mato Grosso sobre os riscos iminentes de desabamento da área, o secretário-adjunto de infraestrutura da Secopa, Alysson Sander, recebeu o grupo de moradores e ficou acertado que o órgão faria um estudo técnico dentro de 30 dias sobre a possibilidade da permanência de todos em suas casas e a construção do muro de contenção ocupar apenas parte do terreno. Findo esse prazo, a reunião marcada para dia 29/10 foi cancelada, devendo ocorrer até o final de semana para a Secopa expor os resultados do estudo.
Mário Cavalcanti de Albuquerque, geólogo do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-MT), fez uma vistoria informal na região a pedido do Circuito Mato Grosso e comprovou que o talude (corte) praticado colocou a rocha em exposição, abrindo a possibilidade de deslizamentos na época das chuvas.
O geólogo explicou que o solo é constituído de rochas metamórficas, sedimentadas “em folhas”, e o corte provocou falhas e fraturas, ocasionando a perda de estabilidade (veja infográfico). Essa instabilidade pode ser corrigida com a construção de um muro de arrimo, mas a um custo muito alto.
Caso a contenção tivesse sido feita previamente, com a correção da instabilidade do talude, não haveria riscos de um possível solapamento [erosão]. Consequentemente, não haveria situação de insegurança para a população local.
O elevado risco de desmoronamento e queda de barranco é causado pela perda da coesão do material. As intempéries, isto é, a sucessão de períodos de chuva seguida de períodos de estiagem [sem chuva] começa a formar no solo trincas e rachaduras que vão aumentando com o tempo. Como o solo está ‘em camadas’, há um deslizamento da camada mais externa que pode causar danos irreparáveis, como a perda de vidas humanas.
Albuquerque constatou que uma das rochas com fraturas está como um ‘iceberg’ e um bloco já foi solapado: “Mexeram numa caixa de marimbondos”, comparou o profissional.