Como o muro de arrimo não foi construído antes de a obra ser iniciada, intervenções no local durante a edificação da trincheira acabaram provocando pequenos deslizamentos que podem se intensificar com a chegada do período chuvoso. Ocorre que a própria Secopa já havia avisado os moradores que ninguém seria retirado do local por conta da obra. Porém como não foi feito o muro de arrimo, agora a mesma secretaria terá que retirar as famílias a fim de evitar inclusive uma tragédia.
Essa insegurança gerada pela falha na condução da obra do viaduto do Despraiado levou um grupo de moradores a protocolar junto ao Ministério Público Estadual (MPE) pedido de esclarecimentos acerca da situação das famílias da área atingida em 30 de agosto de 2013. No documento, relataram que estavam vivendo incertezas há mais de dois meses, sem repostas concretas da Secopa.
Com base na denúncia e no pedido dos moradores, o promotor Clóvis de Almeida Júnior, da 36ª Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público, começou a investigar o caso. A primeira medida foi pedir que a Secopa entregasse com urgência um relatório sobre a situação da encosta, o que não havia ocorrido até o fechamento desta edição.
A pedido do Circuito Mato Grosso, o geólogo Mário Cavalcanti de Albuquerque, do corpo técnico do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea), visitou o local informalmente e constatou que a encosta pode desabar por ação de fenômenos naturais, levando casas e podendo ocorrer mortes no local. Essa constatação foi corroborada pelo presidente do Crea-MT, José Samaniego, ao dizer que “aquilo vai cair se não fizer o muro de contenção. Vai deslizar tudo!”.
André Schuring, chefe de fiscalização do Crea, por outro lado, alegou estar esperando que o Ministério Público envie solicitação de fiscalização preventiva e integrada para realizar um trabalho mais profundo sobre a encosta que está em risco por conta da ausência do muro de arrimo.
Curiosamente, os moradores relataram que na Prefeitura Municipal de Cuiabá há registro de construção de muro de contenção há mais de 15 anos, na época da implantação da Avenida Miguel Sutil, justamente a encosta que foi cortada pela construtora para a viabilização do viaduto e que teria provocado toda a instabilidade.