Itaberli foi morto ao chegar em sua casa em Cravinhos no fim de dezembro (Foto: Reprodução / EPTV)
Um exame realizado na casa da mãe de Itaberli Lozano, suspeita de ter matado o próprio filho a facadas, revelou que haviam marcas de sangue humano dentro da residência. Em entrevista ao G1, o delegado Helton Testi Renz afirmou que encerrará o inquérito do caso até a próxima sexta-feira (3) e deverá pedir a prisão preventiva dos envolvidos no homicídio.
Em seu primeiro depoimento às autoridades, Tatiana Lozano Pereira, de 32 anos, disse que matou seu filho a facadas durante uma discussão após ele ter feito ameaças de morte contra familiares. O padrasto do rapaz, Alex Pereira, de 30 anos, teria auxiliado a esposa a retirar o cadáver de casa e juntos eles atearam fogo ao corpo de Itaberli. Dias depois, Tatiana mudou sua versão e disse que dois jovens mataram seu filho e eles também foram presos.
O delegado explica que exames com o uso de luminol, substância química capaz de identificar manchas de sangue, mesmo que tenham sido limpas, foram requisitados. Profissionais foram até a casa onde Tatiana teria emboscado Itaberli com a ajuda de dois jovens e uma adolescente. Durante a ação, eles conseguiram localizar marcas de sangue humano.
“Encontramos sim marcas de sangue na casa, no carro e pretendemos encerrar o inquérito até sexta-feira. Com certeza finalizaremos nesta semana até porque as prisões temporárias vencem já a partir do dia 10 de fevereiro, então temos que concluir para dar tempo de pedir as prisões preventivas”, afirma Renz.
Ele diz ainda que não será possível aguardar a chegada dos resultados de todos os exames, mas deverão dar prosseguimento ao processo para agilizar e em seguida encaminharão ao juiz todos os documentos necessários para compor o inquérito final.
“Falta chegar o laudo do luminol do DNA, para comparar o material fornecido pela mãe com o corpo para apontar que era mesmo a vítima, embora isso já esteja muito claro. Falta também a perícia em duas facas que nós apreendemos na casa. Uma delas, segundo a mãe, ela diz que foi usada no crime, depois ela mudou a versão e tudo mais. Mas, como ela apontou a faca na primeira versão nós apreendemos e pedimos perícia e estamos aguardando o laudo”.
Renz explica que a prisão preventiva não possui um tempo determinado para ser cumprido e todos os envolvidos no crime deverão permanecer presos durante todo o tempo em que o processo durar. O casal deve ser indiciado por homicídio duplamente qualificado e ocultação de cadáver.
O Ministério Público considera que o crime foi motivado por homofobia. Para a Promotoria, a mãe não aceitava o fato de o filho ser homossexual. Já a Polícia Civil sustenta a tese de conflito familiar, alegando histórico de agressões entre ambos.
O crime
O corpo de Itaberli Lozano, de 17 anos, foi encontrado carbonizado em um canavial em Cravinhos em 7 de janeiro. A família registrou um boletim de ocorrência relatando o desaparecimento do adolescente dois dias depois.
No dia 11 de janeiro, a mãe e o padrasto foram presos e confessaram o crime. Inicialmente, Tatiana disse que discutiu com o filho dentro de casa, o esfaqueou na madrugada de 29 de dezembro e, com a ajuda do marido, queimou o corpo no canavial.
Em um segundo depoimento, a mãe voltou atrás e contou que havia aliciado dois jovens para darem um “corretivo” no filho, mas sem a intenção de matá-lo. Tatiana disse que ligou para Itaberli, que estava na casa da avó paterna, alegando que queria se reconciliar.
Um dos rapazes confessou ter espancado Itaberli, enquanto o outro disse que apenas conversou com o jovem. Segundo a Polícia Civil, no entanto, ambos espancaram e enforcaram a vítima. Em seguida, a mãe esfaqueou o próprio filho.
A dupla foi presa no dia 13 e levada à cadeia de Santa Rosa de Viterbo (SP). No mesmo dia, Tatiana foi transferida da cadeia de Cajuru (SP) para a Penitenciária de Tremembé (SP). O padrasto da vítima continua preso na cadeia de Santa Rosa de Viterbo.
Já no dia 27 de janeiro, a Justiça determinou que a adolescente de 15 anos que apresentou os jovens à mãe de Itaberli fosse internada na Fundação Casa por suspeita de participação no assassinato da vítima. Em depoimento, ela confirmou à polícia que o namorado e o amigo agrediram Itaberli até deixá-lo desacordado dentro do quarto e que presenciou o momento em que a mãe do jovem o matou com uma facada no pescoço.
Fonte: G1