Cidades

Em Cotriguaçu, indígenas buscam autonomia econômica

 
O objetivo do projeto, que conta com o apoio do Instituto Centro de Vida (ICV), é implantar uma nova trajetória socioeconômica e ambiental no município, com atividades que permitam a manutenção da floresta, através da redução do desmatamento e da degradação florestal graças ao desenvolvimento de atividades produtivas com menos impacto sobre os recursos naturais e ações de governança ambiental. 
 
Rodrigo Marcelino, analista socioambiental do ICV e responsável pela atividade, explica que o trabalho consiste na elaboração de um plano de gestão ambiental e territorial da TI. Assim, o primeiro passo, chamado etnomapeamento, que identifica lugares de grande valor histórico, ideológico e com recursos naturais utilizados em práticas cotidianas da etnia, foi finalizado com a ajuda de anciões de outras aldeias Rikbaktsa. 
 
Na sequência, serão realizadas as oficinas de avaliação ecológica que consistem em analisar a situação atual dos recursos naturais utilizados e seu manejo, além de identificar as potencialidades de geração de renda. A partir daí será construído o etnozoneamento da TI, pelo qual serão pensadas ações estratégicas para cada zona que poderão ser implementadas no curto, médio e longo prazo.
 
Todas essas atividades exigem muito trabalho e cuidado para que sejam desenvolvidas de forma participativa e colaborativa, de modo que as pessoas envolvidas sejam protagonistas na busca de soluções, relata o analista. Além disso, esse ponto é fundamental para a integração das áreas protegidas no município de Cotriguaçu e no Estado e, no caso da Terra Indígena, na busca de autonomia através do planejamento e gestão de seu território, aspecto imprescindível para a elaboração de um diálogo intersetorial eficiente. 
 
Nesse sentido, Raimundo Iamonxi, morador da aldeia e membro do Conselho Municipal de Meio Ambiente (CMMA) de Cotriguaçu, foi eleito representante da região noroeste para o desenvolvimento rural sustentável indígena para participar do Fórum Estadual. Ele explica que é importante que a aldeia possa ser representada nos diferentes espaços da sociedade e que sua situação seja conhecida e compreendida para que possa preservar seus direitos e tradições.
 
Rodrigo ressalta que todas as atividades de construção do plano de gestão são também oportunidades para a etnia se fortalecer culturalmente, resgatando suas histórias e costumes, como com a construção do makyry ou "rodeio" (a casa dos homens), que ocupa um lugar central na aldeia, resgatando um aspecto cultural, tradicional e histórico.
 
E para construir estratégias que viabilizam a geração de renda no curto prazo para a comunidade, a aldeia vem articulando, junto com parceiros locais, a venda de castanha beneficiada para a merenda escolar. Dokta Rikbakta, cacique da Aldeia Babaçu, espera que todo este trabalho e esforços permitam garantir os direitos, a proteção do território e a dignidade desse povo. (Com Andrés Pasquis/ICV – Fotos: Amazônia Sem Fogo e Funai)
 
 
 

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