"Foi uma luta muito grande", afirmou à Folha João Vicente Goulart, 56, que preside o Instituto João Goulart. Segundo ele, desde 2006 a família pede ao Ministério Público Federal que investigue o episódio.
Jango, deposto no golpe militar de 1964, morreu durante seu exílio na Argentina, em 1976, de ataque cardíaco. A família do ex-presidente, porém, suspeita que ele tenha sido envenenado. Seu corpo está enterrado no cemitério de São Borja (RS).
A hipótese de assassinato surgiu quando um ex-agente da ditadura uruguaia, Mário Barreiro, afirmou numa entrevista, em 2006, que participou da operação para matar o ex-presidente.
Segundo ele, Goulart foi morto com a ingestão de uma cápsula envenenada, misturada aos remédios que ele tomava diariamente contra problemas cardíacos. O denunciante confirmou os fatos num depoimento à Polícia Federal, em 2008.
"Nós ficamos estupefatos", conta o filho do ex-presidente. "Jango é um bem cultural e imaterial da nação brasileira, e é uma obrigação do Estado brasileiro fazer essa investigação."
Antes da exumação, porém, há algumas etapas a serem cumpridas. A primeira será a avaliação de especialistas sobre a eficácia desse tipo de exame tantos anos após a morte do personagem. Em seguida, diante do eventual aval técnico, o pedido de exumação terá de ser analisado pela Justiça Federal.
A investigação é conduzida pela Comissão Nacional da Verdade e pelo Ministério Público Federal no Rio Grande do Sul (que ainda conduz o pedido de investigação feito pela família).
A decisão de pedir a exumação foi tomada no mês passado. Nas próximas semanas, o Ministério Público Federal irá definir a equipe de peritos que conduzirá a análise e os reagentes químicos a serem utilizados, caso a exumação seja determinada pela Justiça.
"Seria muito lamentável e doloroso não investigarmos a morte de um ex-presidente", afirma João Vicente, que atribui o andamento do caso à "pressão" feita pela Comissão Nacional da Verdade e pela ministra Maria do Rosário (Direitos Humanos).
Segundo ele, a família apoia a exumação e acompanhará o processo de perto nos próximos meses.
Fonte: Folha de São Paulo