Mix diário

Cidade de SP já registra em 2025 maior número de feminicídios dos últimos dez anos

A cidade de São Paulo já registrou em dez meses deste ano o maior número de feminicídios da série histórica, desde 2015, quando o crime foi tipificado em lei federal. Segundo dados da Secretaria da Segurança Pública (SSP) do Estado, somente entre janeiro a outubro foram contabilizados 53 casos.

O número é maior do que o registrado todos os anos desde 2015. Antes, o maior índice registrado havia sido no ano passado, com 51 feminicídios, durante os doze meses de 2024.

Ao todo, o Estado de São Paulo registrou 207 casos de feminicídio, de janeiro a outubro deste ano, com 101 registros no interior, 40 na região metropolitana de São Paulo e 53 na capital.

A Lei do Feminicídio, Lei 13.104/2015, entrou em vigor no dia 9 de março de 2015. A legislação trata do assassinato de mulheres por razões da condição do sexo feminino e passou a considerar condições do sexo feminino quando o crime envolve violência doméstica e familiar, menosprezo ou discriminação à condição de mulher.

A doutora em direito penal Alice Bianchini, vice-presidente da Associação Brasileira de Mulheres de Carreiras Jurídicas (ABMCJ), diz que há um aumento do ódio contra mulheres, de redes de misoginia, e que falta investimentos em políticas públicas mais assertivas e orçamento para diversos Estados do País.

“Há uma relação forte: quando aumenta a violência contra a mulher, nós também temos mais desigualdade entre homens e mulheres. O que a gente está observando é que não só a violência está aumentando, como está aumentando a violência na violência. Os atos de violência são muito mais intensos. A violência virtual também é algo que está aumentando muito. Quando a violência virtual acontece entre pessoas que se conhecem, ela pode descambar também para violência física e depois até para o feminicídio”, diz.

Além disso, a lei acrescentou ao Código Penal, como causas de aumento de pena para o feminicídio, o crime quando cometido:

– durante a gravidez ou nos 3 meses posteriores ao parto;

– contra pessoa menor de 14 anos, maior de 60 anos ou com deficiência;

– na presença de ascendente ou descendente da vítima.

A lei modificou ainda a Lei de Crimes Hediondos para incluir o feminicídio como homicídio qualificado.

Governo de SP diz que mantém ações de enfrentamento

A secretaria de segurança de São Paulo diz que o enfrentamento à violência contra a mulher é prioridade do Governo. Segundo a pasta, o governo mantém diversas iniciativas voltadas ao tema, “entre elas a Cabine Lilás, que já realizou cerca de 14 mil atendimentos a mulheres vítimas de violência em todo o Estado de São Paulo”.

“Criada de forma inédita no âmbito do Centro de Operações da Polícia Militar (Copom), a Cabine Lilás oferece atendimento humanizado por policiais femininas treinadas para acolher e orientar vítimas de violência doméstica. As agentes fornecem informações sobre medidas protetivas, canais de denúncia e serviços de apoio, além de despachar viaturas quando necessário. O projeto, inicialmente implantado na capital, foi ampliado para a Grande São Paulo e para o interior, com unidades nas regiões de Campinas, São José dos Campos, Bauru, São José do Rio Preto, Sorocaba, Presidente Prudente e Piracicaba”, diz em nota.

De acordo com SSP, “cabe também ressaltar as 142 Delegacias de Defesa da Mulher (DDMs) territoriais – duas inauguradas no atual governo – e as salas DDM 24h, que foram ampliadas em 174,1% na atual gestão, com um total de 170 espaços em plantões policiais, para que as vítimas sejam atendidas por videoconferência por uma delegada mulher. As DDMs de todo o estado também tiveram reforço em seu efetivo com 473 novos policiais, enquanto as vagas da Diária Especial por Jornada Extraordinária de Trabalho Policial – Dejec para policiais civis atenderem na DDM online, de forma voluntária em sua folga, dobrou, passando de 140 para 280?.

“Há que mencionar, ainda, o aplicativo SP Mulher Segura, que permite o registro de boletim de ocorrência e possui botão de pânico para pedidos de ajuda; e o tornozelamento eletrônico de autores de violência doméstica, que atualmente monitora 191 infratores, dos quais 89 já foram presos por descumprimento de medidas impostas pelo judiciário”, diz.

Estadão Conteudo

About Author

Deixar um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Você também pode se interessar

Mix diário

Brasil defende reforma da OMC e apoia sistema multilateral justo e eficaz, diz Alckmin

O Brasil voltou a defender a reforma da Organização Mundial do Comércio (OMC) em um fórum internacional. Desta vez, o
Mix diário

Inflação global continua a cair, mas ainda precisa atingir meta, diz diretora-gerente do FMI

A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva disse que a inflação global continua a cair, mas que deve